UR Cadima - Filipe Silva



De volta ao principal patamar da Liga Feminina, qual a diferença principal na preparação desta pré época? 

Existiram duas grandes diferenças, a primeira foi a definição de um orçamento máximo por parte da direcção. A segunda diferença foi identificar as jogadoras alvo e contactá-las de imediato em Junho. A preparação da pré época foi algo que tivemos cuidado. Em anos anteriores tínhamos no mês de Agosto poucas jogadoras, este ano controlamos a situação das férias e, apesar de estarem de férias em semanas diferentes, conseguimos ter uma número aceitável de 18 jogadoras por treino desde o dia 1/08. A carga de treino também foi reestruturada e aumentada por razões económicas, porque treinamos apenas quatro vezes por semana, terça, quinta e sexta ao início da noite e sábado de manhã,(por norma jogo). Esperamos também que os nossos balneários sejam uma realidade como prometido pela Câmara Municipal de Cantanhede porque é importante melhorar as condições, porque este ano serão 80 atletas femininas a usar o complexo do Fujanco.


Jogadoras experientes e jogadoras muito jovens. Como vai ser "misturar" isto tudo? 

É um desafio fantástico. Logo à partida as jogadoras mais experientes terão de ajudar as mais novas, isso é ponto determinante para o crescimento do grupo e do clube independentemente do desfecho. É um plantel em que a maioria das jogadoras tem menos de 24 anos. As mais novas têm, obrigatoriamente, de compreender os erros que não podem repetir no treino e em jogo para ajudarem a equipa e serem escolhas permanentes na equipa principal. Por outro lado as jogadoras mais experientes têm de interpretar e analisar as necessidades da equipa consoante os jogos, principalmente quando são menos usadas ou preteridas devido a questões tácticas, técnicas ou de velocidade de execução. Aqui quando se fala em jogadoras experientes não incluímos as com mais idade mas sim as que têm mais minutos realizados nas últimas três épocas. Será um grupo com experiência dos 16 aos 39. Mas é preciso verificar que retirando duas jogadoras, a média de idade desta equipa inferior a 22 anos!!! 


Principais objectivos e expectativas para o que aí vem. 

Será uma época de muito trabalho e extremamente dura. E sentimos logo isso em Julho quando recebemos as primeiras respostas de jogadoras, com grande qualidade, que preferiram ir para a segunda divisão porque apresentaram condições que as satisfaziam bem mais. Considerando o nosso orçamento, e sabendo a realidade da maioria das equipas que estão na liga BPI, as nossas condições serão sempre para lutar pela manutenção, até porque somos claramente o clube mais pobre em termos de apoio financeiros na zona geográfica onde estamos. A formação está a trabalhar bem mas, as jogadoras formadas com a qualidade para uma exigência de primeira divisão, ainda vai levar muitos anos até ser uma realidade plausível. Por exemplo, existem clubes com uma estrutura de formação em que conseguem superar a perda de duas ou três individualidades da equipa principal porque a formação está oleada, com muitos anos de trabalho ao contrário da nossa, que tem duas épocas. Por isso a nossa realidade é clara, temos de ser fortes, humildes, trabalhadores e competentes para a luta da manutenção ser positiva. 


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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