Inês Spínola, Moita Rugby Clube


A Internacional Portuguesa e jogadora do Moita Rugby Clube da Bairrada, conta-nos como esta fase de quarentena e isolamento mudou a sua rotina, tanto a nível desportivo como pessoal.


"Devido à situação actual a minha rotina mudou por completo.

Era raro estar em casa, mas neste momento tenho cumprido ao máximo a recomendação de me manter isolada e há duas semanas que não saio. Claro que isto me trouxe preocupações, tanto a nível desportivo como a nível de estudos, mas também trouxe novas aprendizagens e desafios.

Sou uma pessoa que tem de trabalhar muito a nível físico para conseguir estar ao mesmo patamar das outras atletas e por isso treinava diariamente, tanto no ginásio como no campo.

De repente ver-me forçada a parar tudo isso foi assustador. "Como vou manter a forma para atingir os meus objetivos?!" - Esta foi e continua a ser a grande questão a nível desportivo. Mas, felizmente, o ginásio que frequento teve a capacidade de adaptação e começou logo no dia em que encerrou a dar aulas em direto e a encorajar-nos.

É certo que a motivação de treinar em casa é sempre menor, mesmo tendo a oportunidade de treinar com um acompanhamento online. Ter o sofá ali ao lado, a "netflix", os pacotes de bolachas e batatas fritas é sempre muito mais tentador do que ir preparar uma mochila com pesos e fazer exercício.

A motivação é menor e consequentemente a força de vontade tem de ser maior e é neste ponto que cada um de nós tem de conseguir encontrar estratégias de se auto incentivar.

Eu tenho a minha e tento sempre arranjar soluções para por o máximo de peso às costas e manter-me ativa diariamente.

Estes são os maiores desafios que tenho enfrentado nestas ultimas semanas: capacidade de adaptação ao material que tenho à minha volta tentando sempre criar soluções para realizar os exercícios e a capacidade de vencer a pouca motivação.

Sei que isto me vai afectar enquanto atleta  em algumas capacidades físicas, mas também me vai fortalecer noutras. No meu ponto de vista é sempre possível encontrar o lado positivo das coisas, e esta fase apesar de todas as adversidades veio-nos trazer ensinamentos. É importante sabermos viver fora da nossa zona de conforto."

                                                                                                                Inês Spínola



Marta Faria

Raparigas da Bola


© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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