Inês Pombo, 25 anos, Arneiros



Quando e como surge o futsal na tua vida?

O futsal surge na minha vida na escola onde frequentava o desporto escolar. Nessa altura já adorava jogar à bola, um professor viu-me um dia a jogar num intervalo e fez-me o convite. Experimentei e o futsal faz parte de mim desde aí.


Como é ser mulher num jogo maioritariamente de homens?

Acho que me sinto como a maioria das mulheres que fazem o desporto que supostamente são os homens que "dominam". Irá sempre existir os mais cépticos mas hoje em dia as mentalidades vão mudando aos poucos e quem gosta e percebe de futsal sabe que cada vez mais as mulheres têm a qualidade necessária para atingirem as mesmas coisas que os homens. Mas claro que irá existir sempre diferenças temos que ser realistas.


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso na modalidade.

Soube pelo meu professor de desporto escolar que o SL Benfica estava a fazer captações para a primeira equipa de formação no escalão de juniores arrisquei e fiquei nas épocas 2008/2009 até 2012/2013. Surgiu o convite do Arneiros para integrar o plantel sênior na época 2013/2014 onde estou até hoje.


Como é a Inês quando entra em campo?

Tento-me focar ao máximo no jogo, competitiva, decidida e ambiciosa sempre com uma vontade enorme de ganhar seja qual for o adversário.


Do que é que já abdicaste pelo Futsal?

Num nível mais competitivo como este para alcançar os objectivos temos sempre de fazer cedências e a vida pessoal é uma delas. Momentos, horas perdidas com as pessoas que me são mais próximas é uma escolha difícil que tenho de tomar.


Até onde pretendes chegar na modalidade, qual seria para ti o ponto alto do teu percurso?

Qualquer pessoa que goste de desporto a este nível o ponto alto seria sempre ser campeã nacional.


Chegar à Seleção Nacional é um sonho, ou um objetivo?

É um sonho. Enquanto sonhamos tudo pode ser possível .


Quais os teus objetivos principais esta época?

Um dos objectivos desta época já foi alcançado, ser campeã da AF Lisboa. A subida ao nacional e consequentemente ganhar a Taça Nacional são os outros dois.


O que para ti seria fundamental mudar no nosso Futsal Feminino?

A aposta, existir pessoas com a coragem de apostarem nas mulheres, neste caso no futsal feminino. Não basta existirem clubes que apostem no futsal e não darem as condições necessárias para que as atletas possam progredir no jogo. Falta acreditar que o futsal feminino é muito mais que "miúdas" a jogar à bola.


Que conselho dás a quem se está a iniciar na modalidade?

Não desistam, acreditem muito em vocês e no que fazem mesmo quando as coisas não estiverem a acontecer da forma que desejam. Lutem até não terem mais forças, até ao último segundo do jogo. 


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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