Bety Delgado, Futsal Feijó



Quais os benefícios e desvantagens que vocês atletas esperam retirar nesta nova fase? 

A nível de benefícios podemos destacar o aumento da competitividade o que fará com que haja uma mentalidade mais competitiva por parte das atletas e das equipas. Haverá um aumento da qualidade do futsal praticado o que ajudará no desenvolvimento individual e coletivo e a prática de um futsal mais coeso e coletivo. A desvantagem centra-se a nível económico, uma vez que nem todos os clubes têm condições monetárias para cobrir as despesas, sendo a principal os custos das deslocações (maior número de deslocações e do aumento das distâncias percorridas). Atualmente existem distritos com apenas 2/3 equipas o que obrigou a criar campeonatos interdistritais, como ocorreu está época com os distritos de Setúbal, Beja e Évora, onde estiveram presentes 9 equipas. A criação desta competição gerou um aumento do número de jogos e da competitividade e contribuiu positivamente  para o crescimento/desenvolvimento das atletas. Assim sendo, acredito que a criação deste novo formato irá igualmente contribuir para o aumento da competitividade e preparar as atletas para o campeonato nacional. 


Com este novo campeonato a competitividade no nosso futsal pode melhorar/aumentar? Porquê? 

Sem sombra de dúvidas a criação desta 2ª Divisão Nacional trará muitas melhorias. Se olharmos para os últimos anos mais de 80% das equipas que sobem para o Campeonato Nacional, no ano seguinte regressam aos Campeonatos Distritais. A meu ver, isso ocorre porque o nível competitivo praticado no distrital é muito diferente do nacional e quando as equipas chegam à divisão maior do futsal deparam-se com algumas dificuldades tanto a nível físico como mental, mas também a nível tático. Esta nova competição será um patamar intermédio entre o campeonato distrital e a 1ª divisão nacional pois proporcionará às atletas um nível competitivo muito mais elevado e exigente, o que ajudará no aumento de competências e capacidades, técnica, tática, física e psicológico. Existe um número considerado de atletas com grande qualidade nos campeonatos distritais, mas como estão estagnadas nestes campeonatos o nível de empenho e motivação é muito baixo, logo jogam e treinam muito abaixo das capacidades. Este novo formato, de nível intermédio, vai servir para aumentar o nível de futsal praticado pelas equipas e muitas atletas irão sobressair pelo seu nível de futsal praticado. 


E em termos de visibilidade tanto para clubes como para vocês atletas, o que achas que esta possível 2ª Divisão Nacional pode trazer de novo? 

Penso que a visibilidade da modalidade irá aumentar e trará mais meninas e mulheres a praticar a modalidade. Esta competição será o ponto de partida para as atletas que ambicionam jogar no expoente máximo do futsal feminino. Irá também trazer novos desafios e oportunidades que vão contribuir para o aumento do nível de motivação e empenho das atletas e que as ajudará a crescer e estar mais bem preparadas para a 1ª Divisão Nacional. Atualmente, a maioria dos clubes apenas têm equipas seniores e/ou Juniores, sendo que fruto do aumento do número de atletas, os clubes poderão apostar na formação de qualidade de jovens atletas. Dou o exemplo do meu clube, o Futsal Feijó, é um clube que aposta fortemente na formação e neste momento tem pelo menos uma equipa em cada escalão, desde as infantis até as seniores. Paralelamente, o aumento da visibilidade puderá criar mais oportunidades de patrocínios, permitindo aos clubes ter uma maior capacidade para investir nas infraestruturas, material de treino e jogo, equipa técnica e restante staff e na formação das jogadoras.



                                                                                                             Bety Delgado

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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