Inês Nunes, polo aquático, Sport Lisboa e Benfica


Quem é a Inês?

Sou uma Benfiquista orgulhosa, sempre disposta a ajudar e bastante paciente. Procuro estar bem com aqueles que me rodeiam, não gosto de conflitos - haja alegria e boa disposição. Acredito que o trabalho é o melhor amigo do sucesso, por isso, dedico-me inteiramente ao que faço, tanto a nível desportivo como profissional.


A tua preferência sempre foi pelos desportos aquáticos ou praticaste outras modalidades?

Comecei a nadar desde muito cedo, pratiquei Karaté durante uns anos, que conciliava com a natação e os Escuteiros. Descobri o Polo Aquático aos 14 anos, não tendo dúvidas que era aquele desporto que queria praticar..!


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso desportivo.

Comecei muito cedo na natação, mas nunca fui atleta de competição, participei apenas em pequenos torneios internos e demonstrações. Aos 14 anos, a convite do meu professor de natação, fui convidada a experimentar o Polo Aquático. Na altura nem sabia que este desporto existia. Depois de experimentar foi tudo muito rápido, desde estar inserida na equipa a começar a jogar. Joguei como infantil e juvenil no Arsenal 72 e, quando ascendi ao escalão júnior, resolvi ir jogar para o Clube Natação da Amadora (CNA). Representei o CNA durante 8 épocas, até que recebi um convite para ir jogar em Espanha. Aceitei o desafio e estive 3 épocas a representar o WP9820 - em Pamplona. Após três épocas a representar o clube espanhol tive que tomar uma decisão bastante difícil, continuar fora de Portugal ou voltar a casa. A minha decisão foi apenas e só tomada com o coração! Voltei a Portugal, voltei a reunir-me com as minhas colegas/amigas que deixei para trás quando ingressei nesta aventura internacional e juntei-me ao projeto Benfica. O projeto de Polo Aquático do SLBenfica surge na altura em que se extingue a equipa feminina do CNA - transitando assim para o SLBenfica a equipa técnica e jogadoras. Senti que era o momento de me juntar novamente aquela equipa que tanto me ajudou a crescer e, juntas, construirmos a nossa história no clube.


Sendo o polo aquático uma modalidade muito pouco conhecida, como a descreverias?

O Polo Aquático é uma modalidade colectiva que surge nos finais do século XIX (por volta de 1870), na cidade de Londres (Inglaterra). Foi a primeira modalidade colectiva a participar nos Jogos Olímpicos, em Paris no ano de 1900. É caracterizado por ser um jogo em equipa, disputado dentro de água e entre duas equipas. Sendo a natação uma das modalidades mais completas e saudáveis que existe, combinada com um desporto colectivo com bola, resulta numa junção completa e entusiasmante. O polo aquático, por ser disputada no meio aquático, destaca-se de todas as outras modalidades, torna-se bastante exigente a nível físico, técnico e táctico. Embora tenha alguns aspectos similares aos da natação, as técnicas de deslocamento dos jogadores são distintas das de um nadador. Tanto na defesa como no ataque existem inúmeras variantes tácticas, que podem (ou não) ser alteradas durante o decorrer do jogo.


Como se processa um jogo de polo aquático?

O jogo é disputado numa piscina de 25m de comprimento (sem pé), em que ganha a equipa que marca mais golos - tal como todos os outros desportos com golos / pontos. Cada equipa tem em campo 7 jogadores, sendo 1 guarda-redes e 6 jogadores de campo (mais 5 suplentes). A bola só pode ser jogada com uma mão, à excepção do guarda-redes que pode apanhar a bola com as duas mãos. O jogo é composto por 4 partes de 8 minutos jogados, ou seja, sempre que o jogo está parado o tempo também pára.

É um desporto com muitas regras, das quais destaco as seguintes: não se pode afundar nem socar a bola, mandar água à cara, empurrar ou impedir a progressão do adversário. Geralmente as pessoas associam o polo aquático a um desporto muito violento e agressivo, o que não é totalmente verdade. Tal como em todos os desportos há jogadores mais e menos agressivos, aqui é idêntico, são os jogadores que tornam (ou não) o desporto violento.


Por ser dentro de água, o desgaste físico e a intensidade são maiores ou menores?

O desgaste físico é imenso, pois a intensidade do jogo é muito grande. O facto de ser jogado sem pé acaba por dificultar a tarefa, pois o jogador nunca pode estar parado. Acredito que esta é uma das características que torna este jogo tão entusiasmante, o movimento é constante.

Para conseguirmos manter o nível de jogo temos que estar muito bem preparadas fisicamente, o que implica uma dedicação e compromisso muito grande com o treino. É uma modalidade muito exigente a nível físico, pois precisamos de desenvolver diversas capacidades físicas, tais como, a força, resistência, coordenação, equilíbrio, velocidade - acrescentando a dificuldade de estarmos num meio que não nos é natural - a água!

O desgaste e a intensidade são grandes, mas com trabalho e dedicação tudo é possível.


Há muito poucas pessoas a saberem da existência deste desporto e do nosso campeonato. Como tem sido o "crescer" da modalidade?

Em Portugal o polo aquático tem tido momentos altos e baixo, aparecem equipas novas, desaparecem outras... Mas acredito que neste momento estamos numa fase positiva! Considero que o facto de aparecerem equipas ligadas a grandes clubes - como o SLBenfica feminino e o SCP masculino - poderá ser uma boa forma de dar a conhecer a nossa modalidade a um público mais vasto.

O facto da Federação Portuguesa de Natação, em parceria com as Associações, realizar estágios/encontros para os mais novos (desde os sub12 até aos sub18) também tem potenciado o desenvolvimento e o interesse das crianças/jovens na nossa modalidade.


Capitã da equipa sénior do SL Benfica. Como é liderar uma equipa dentro de uma piscina?

Como capitã tento sempre dar o exemplo e, acima de tudo, manter a equipa unida, motivada e focada nos nossos objetivos. Procuro que estejamos todas em sintonia no que diz respeito à humildade e na responsabilidade que temos ao representar a instituição Benfica.

Se estes aspetos estiverem claros para todas o resto vem naturalmente, o que torna esta gestão bastante mais fácil. Acredito que tenho tido sorte, temos um ambiente muito bom!


Como concilias a parte desportiva com a parte pessoal? É fácil ou tens de ter um grande jogo de cintura para conciliar tudo?

Não é uma tarefa fácil, pois estamos perante um desporto totalmente amador. Existe a necessidade de conciliar a vida profissional com os treinos e os jogos (ao fim de semana). A equipa sénior termina o treino tarde (sempre após as 22h00).


É uma modalidade para a vida toda? Até onde pretendes chegar?

Neste momento tenho 3 objetivos, ganha a Taça de Portugal e o Campeonato Nacional pelo SLBenfica e conseguir o apuramento para o Campeonato da Europa. São três objetivos ambiciosos, mas são a minha motivação para ir treinar todos os dias.

Aproveito para divulgar que a Taça de Portugal irá decorrer nos próximos dias 12 e 13 de abril na Guarda.

A primeira fase de qualificação para o Europeu disputa-se em Rio Maior, de 25 a 28 de abril. Relativamente ao futuro, pretendo continuar ligada a esta modalidade até sentir que posso contribuir de forma positiva para a mesma, seja como atleta ou treinadora.


Deixa-nos um pequeno "texto" onde faças "publicidade" à modalidade...o que dirias a quem tem curiosidade em praticar.

Para responder a esta questão fiz um pouco de batota... Pedi a algumas das minhas atletas da Escola de Polo Aquático do SLBenfica para ajudarem! Fiz-lhes a seguinte pergunta, o que é para vocês o Polo Aquático e o que representa na vossa vida? Deixo-vos aqui os testemunhos:

"... é uma paixão, a minha vida, trouxe-me momentos de extrema felicidade, com este desporto aprendi o que era uma equipa e sermos umas pelas outras."

"... o desporto que me fez perceber realmente quem sou , ensinou me a trabalhar em equipa e a encontrar onde me sinto bem, é a minha 2° família."

"... é algo que se sente de corpo e alma. É um desporto que não és só tu mas sim uma equipa, se trabalhares em conjunto vais ter os melhores momentos da tua vida"

"... é um desporto único pois faz-nos perceber o valor da união, da amizade e da paixão"

"...é um desporto puxado em que precisamos de resistência, mas é uma experiência que eu quero levar para a vida !"

Com estes testemunhos dos mais novos acho que está tudo dito! É isto que nos move também, saber que conseguimos passar a paixão que nos cativou quando iniciamos a nossa jornada desportiva.

Obrigada!

Inês Nunes


                                            Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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