Patrícia Silva, CADE



Quais os benefícios e desvantagens que vocês atletas esperam retirar nesta nova fase?

Em termos de benefícios traz bastantes não só a nível de competitividade, mas também a nível de motivação das jogadoras pois será uma competição de um nível mais elevado o que é importante para as jogadoras sentirem que o trabalho desenvolvido traz frutos. Será uma competição mais complicada a nível de deslocações pois serão mais longas o que implica que teremos de sair mais cedo das nossas sedes, o que pode ser complicado pelo facto de algumas jogadoras trabalharem e estudarem. Terá de haver mais tempo investido. Mas isso nem sempre é negativo pois mais tempo investido também implica uma maior preparação para o que se avizinha. Também como a competitividade vai ser maior, será necessário haver um investimento a nível dos clubes em termos de treinos, pois por vezes nestas equipas de distrital é complicado fazer vários treinos semanais. Mas em termos gerais, acho que terá de haver uma melhor preparação em termos de atletas e jogadores para estarmos todos preparados para o nível que implica uma competição nacional.



Com este novo campeonato a competitividade no nosso futsal pode melhorar/aumentar? Porquê?

Sim, acho que a competitividade irá aumentar bastante, o que é sempre bom pois havendo mais competitividade haverá também uma maior evolução das jogadoras. Antes desta possibilidade havia uma grande discrepância entre as competições distritais e as nacionais. Com a criação desta segunda divisão espera-se que se faça a ponte necessária entre o distrital e o nacional, sendo esta uma competição intermédia. Deste modo é claro que a competitividade irá aumentar pois o que se observa várias vezes nas taças nacionais é uma falta de preparação de determinadas equipas, não por demérito mas sim por ser um nível totalmente diferente e as equipas não terem possibilidades de se preparar da melhor forma nos treinos, como já referi.



E em termos de visibilidade tanto para clubes como para vocês atletas, o que achas que esta possível 2ª Divisão Nacional pode trazer de novo?

Esta divisão pode trazer bastante visibilidade em termos de clube pois o que acontece em algumas divisões distritais há clubes que acabam por passar um pouco despercebidos e desta forma todos terão algo a dizer em campo. Para as equipas, treinadores e jogadoras é também uma forma de abrir portas a outra visibilidade, pois quem tiver melhor preparado vai obviamente mostrá-lo em campo e todas nós sabemos que toda a gente conhece as jogadoras que atuam no nível mais elevado do futsal em Portugal e as restantes ficam um pouco na sombra. Assim poderão estas também mostrar o seu valor, o que leva a um maior empenho por parte de todos de forma a mostrar que também temos algo a dizer neste mundo.


                                                                                                                   Patrícia Silva

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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