Suko Araújo, CDRC Tebosa


Que desafios e dificuldades poderão os clubes esperar com este novo desafio? 

Desde já agradecer o convite para participar nesta entrevista, e enaltecer esta iniciativa, que em muito valoriza e dignifica o futsal feminino nacional. Quanto à pergunta, no meu entender, apesar de achar que é uma proposta extremamente interessante e de grande valor, acho que infelizmente no momento que vivemos, na conjuntura actual do país face a esta pandemia , os clubes irão sofrer muito, principalmente o futsal feminino porque todos sabemos que é o parente pobre a nível nacional. Os seus orçamentos terão de ser todos revistos e estruturados, pois os apoios serão ainda menores, o que levará ao maior obstáculo dos clubes neste patamar que querem implementar, a sustentação do clube, pois este formato exige muitos mais recursos. Este, na minha modesta opinião, será o maior problema, estrutura e orçamento. 


Um patamar intermédio entre as competições distritais e a primeira divisão, poderá trazer mais competitividade e com isso criar clubes mais preparados para uma eventual subida ao principal escalão do futsal feminino nacional? 

Sem dúvida alguma que, com a formação desta divisão o nível de competitividade, o nível de intensidade aumenta bastante, e com isto, a discrepância de nível existente do distrital para a 1ª divisão nacional é amenizada, e desde logo as equipas estarão muito mais preparadas para se afirmarem na 1ª divisão. Pois quer queiramos ou não, e por muito respeito que tenho por todas as equipas e jogadoras, 75% dos jogos a nível distrital, são de média/baixa intensidade e complexidade e inconscientemente a exigência das jogadoras baixa, a sua evolução estagna, e quando chegam a um contexto totalmente diferente, de intensidade e complexidade elevada, por muito que nós nos treinos nos foquemos nisso, não chega, e elas não vão estar na maximização das suas capacidades, pois isso só se consegue, jogando constantemente jogos de grande intensidade. Volto a repetir, tenho muito respeito por todas a equipas e jogadoras e valorizo o trabalho de todos, mas é a realidade. 


E olhando também para os Campeonatos Distritais que também serão afetados com esta medida, quais serão os prós e os contras da construção duma segunda divisão? 

Com a criação deste patamar intermédio, as associações vão ter perdas, obviamente. Algumas associações podem perder 2 equipas, outra apenas 1, mas isso no contexto atual do futsal feminino nacional, com o enorme número de equipas que se perderam ao longo dos últimos anos, faz muita diferença, porque se alguns campeonatos já eram reduzidos, se lhes tirarem uma ou duas equipas então é que vai dificultar ainda mais, terão de sofrer reformulações também, mas muito bem estruturadas e fundamentadas. A nível competitivo também perdem, pois sobem equipas com valor e que aumentavam o nível do campeonato mas por outro lado tem a vantagem de fazer aparecer outras equipas, de as fazer evoluir noutro contexto e tornar possível o objectivo de competir noutros patamares a nível nacional, novos campeões das associações e suas taças. 


                                                                                               Suko Araújo

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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