Carolina Rocha, Novasemente G.D., 18 anos



Quem é a Carolina?

Tenho 18 anos, vivo em Leça da Palmeira. É difícil definir-me e caracterizar-me com naturalidade, a minha mãe com certeza que o fazia melhor.  Mas, posso começar por aí... A Carolina é a menina da mamã. Onde a minha mãe está eu estou e vice versa. Somos uma só. Sou divertida. A minha felicidade depende muito da felicidade de quem me rodeia. Gosto muito de rir até que me doa a barriga e tento estar sempre rodeada de pessoas com o mesmo espírito de alegria do que o meu.  Um bocadinho emotiva, choro com facilidade mas com muita sinceridade também. Genuína e natural em tudo o que faço.


Começaste bastante cedo no Futsal. Como foi? Onde começaste e quem te levou ao primeiro treino?

Comecei a jogar aos 7 anos no G.D.C.Cohaemato. Sempre joguei com os meus amigos na escola, nos intervalos, e na altura um grande amigo meu de infância, Pedro Maia, trouxe uns papéis de propaganda ao clube e à modalidade e ofereceu a cada aluno da turma e eu fiquei com um certo entusiasmo de chegar a casa e mostrar à minha mãe, apesar de pensar que ela não me iria deixar. A minha mãe sempre me apoiou em tudo. Eu fiz natação, karaté, ballet. A minha mãe deixava-me fazer tudo sempre porque eram actividades do ATL, então, ela não precisava de se deslocar para me levar ou ir buscar, caso contrário, não tinha disponibilidade para o fazer face aos motivos profissionais. Então naquela altura, como já andava em tanta coisa, eu pensei que ela não fosse deixar. Cheguei a casa e foi imediato o sorriso na sua cara e uma resposta afirmativa. Fui ao primeiro treino logo no Sábado dessa semana. O meu pai foi quem me levou porque a minha mãe trabalhava. Cheguei à "formação", era assim que se chamava o meu "escalão", só rapazes... dos 7 aos 14, tudo o que não encaixava nos escalões federados andava lá a treinar. Chorei de medo, ahah, mas o meu pai, exercendo a sua função fantástica de super pai, rapidamente me acalmou e motivou. Estive a treinar ao sábado e ao domingo durante uns meses, até a época acabar e adorava estar lá. Em Junho a minha mãe recebeu um telefonema para eu ingressar na equipa de benjamins e assim começou oficialmente a minha carreira de futsal.


Conciliar os estudos com os treinos no Novasemente e as convocatórias da Seleção não deve ser fácil. Como geres isto tudo?

Não é assim tão difícil na verdade. O meu percurso escolar não tem sido o melhor, mas não devido ao futsal. Estou este ano a concluir uma disciplina para poder ir para a faculdade no próximo ano lectivo. É sempre difícil conciliar a escola com o desporto, que te rouba 10h semanais, que te faz deitar à 1h da manhã quando tens que estar na escola às 8h do dia seguinte... no entanto nada é impossível e com foco e organização temos sempre tempo para tudo. 


A família sempre apoiou, ou no início estavam reticentes?

A família sempre apoiou, sempre, incondicionalmente. Desde o ballet ao futsal e em qualquer decisão da minha vida. 


Para ti, o que é o futsal?

O futsal é um refúgio. É onde me perco e onde me encontro. É mesmo uma paixão... Eu posso ter o pior dia da minha vida, que ao entrar  no campo e treinar aquela hora e meia faz-me pensar que tive o dia mais fantástico de sempre. Adoro esta modalidade e adoro a maneira como nós, mulheres, damos respostas cada vez melhores às dúvidas e incertezas que andam por aí.


De medalha ao peito, após uma extraordinária prestação nos Jogos Olímpicos da Juventude. Como estás a absorver tudo isto?

Obrigada em nome de todas!  Foi e é um feito histórico, no entanto nós ainda não temos bem noção do que acabámos de conquistar. Sinto-me uma sortuda por estar a viver o que tenho vivido. Tudo o que é bom acaba rápido, no entanto, todos os dias, sorrisos na rua e mensagens no telemóvel fazem-me sentir única. E como disse anteriormente, faz parte da minha felicidade ver quem me rodeia bem então tenho andado num estado de felicidade máxima.


Sonhavam com este momento logo no primeiro dia? Era algo que julgavam que poderia acontecer?

Se sonhávamos... Nem nos nossos melhores sonhos alguma vez nos passou pela cabeça metade da felicidade que foi e é vencer os Jogos Olímpicos da Juventude. No entanto acreditámos sempre... desde há 3 anos que só falamos nisto, só trabalhamos em prol disto. Estamos tão felizes... ninguém tem noção. 


O mote está lançado para o Europeu Sénior que está a chegar. O que achas que a nossa seleção pode conseguir neste Europeu?

A nossa selecção pode conseguir tudo. Demos uma boa resposta nos amigáveis com Espanha, de preparação para o apuramento, sendo Espanha uma das melhores selecções da Europa... Acho que podemos e devemos sonhar muito alto e acreditar em cada uma das incríveis atletas que lá estão e estarão, porque são, sem dúvida as melhores. Nós Portugueses vamos estar a apoiar e a encher os pavilhões com toda a certeza.


Até onde pode chegar a Carolina no Futsal? Quais os teus objetivos dentro da modalidade?

Onde posso chegar não sei, mas ambiciono o mais longe possível. Se possível chegar à selecção A enquanto a Inês Fernandes lá estiver.  Tenho uma admiração enorme pela Inês e adorava um dia jogar com ela. Mas à parte disso... sonho sempre muito e alto. Ambiciono estar com quem gosto nos maiores palcos do futsal e ser sempre muito feliz a fazer aquilo que eu gosto, jogar futsal.


Obrigada pela oportunidade e interesse. É um prazer responder a uma das melhores páginas de propaganda ao feminino. 


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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