Petra Nunes, 23 anos, CS Marítimo



Fala-nos um pouco de ti, quem é a Petra?

A Petra é uma pessoa muito descontraída, amiga dos amigos, brincalhona, as vezes teimosa mas que adora falar, às vezes até fala de mais. A petra fora dos relvados é uma miúda simples, muito aventureira, brincalhona, teimosa muitas vezes, que adora praticar vários desportos radicais, adora estar com a família e com os amigos. Adoro principalmente rir, uma boa gargalhada é sempre bem vinda !! (respondendo à 1ª pergunta).


Conta-nos como surgiu o futebol na tua vida. Fala-nos do teu percurso.

Bem o meu percurso no futebol começou desde nova a jogar no meu bairro com os meus irmãos e amigos que lá viviam, depois comecei a jogar no inter-escolas e no desporto escolar, a partir daí os meu professores começaram a dizer para entrar em alguma equipa de futebol, mas não tinha muito conhecimento nessa área e a minha família não achava assim tão boa ideia !! Até um dia que estava no desporto escolar e um treinador do nacional convidou-me para ir treinar com eles e falei com a minha mãe sobre esse assunto mas ela não queria e acabei por não ir ! Continuava a jogar no bairro e nos intervalos da escola !! No meu 6º ano o meu irmão, antes de ir para Londres, queria que eu entrasse numa equipa de futebol, mas nesse dia fomos só os dois procurar os responsáveis para ver se podíamos treinar. Mas, não correu bem e não encontrámos. Estava no final de época e já não dava para fazer nada! No meu 7º ano estava numa turma que tinha uma jogadora do Marítimo, ela viu-me a jogar na aula de educação física e convidou-me para aparecer nos treinos, falei com a minha mãe, fiz-lhe ver  que o futebol não ia mudar as minhas notas na escola e desde então continuo no Maritimo a jogar !


Para ti, além das diferenças óbvias que existem, o que se distingue mais entre a prática do futebol e do futsal?

O que distingue é a modalidade em si, as regras e o tempo de jogo, porque o tempo pára no futsal e no futebol não, estamos quase sempre em movimento nunca estamos estáticos e no futebol temos que admitir que não existe assim tantos movimentos de mudança de posição porque o relvado e o campo em si são diferentes! Por isso na minha opinião não existe comparação possível, essas duas modalidades são diferentes, até a recepção da bola é diferente!!


O que gostas mais na prática do futebol e também no futsal?

O que mais gosto do futebol é do campo, do cheiro do relvado! De tudo! Eu amo jogar futebol é o meu oxigénio para "sobreviver ". O que mais gosto no futsal é o pavilhão, sentimos a vibração dos adeptos, o jogo todo muito mexido, a emoção do resultado porque nunca sabes quem irá sair vencedor !! Lembro-me do ano passado estarmos a jogar para subir à 1ª  divisão de futsal e conseguimos dar a volta a um resultado desfavorável em 10 segundos.


Para estares inteiramente"focada" no futebol, do que tiveste de abdicar?

Tive que abdicar de muita coisa, mas é como eu digo para fazermos o que mais gostamos temos que abdicar de algo certo ?? Abdiquei de saídas à noite, de jantares com família e amigos, de férias com a família ou amigos, de várias coisas. Quem é atleta sabe a  que me refiro, mas temos que saber gerir e o dia tem 24h, existe tempo para tudo.


Como é o teu dia, em "dia de jogo"? Que rotinas tens?

Bem em dias de jogo se for em casa tenho uma rotina super normal, acordo, tomo banho oiço uma boa música e vou ter com a equipa para almoçarmos todos juntos. Horas antes do jogo gosto de ouvir música faz-me abstrair de tudo e ajuda a  concentrar-me no jogo em si só !!!! Quando o jogo é fora de casa, apartir do momento em que vestimos o emblema do Marítimo estamos logo em estágio, concentração máxima, existem momentos para rir, falar e trabalhar ! Acordamos vamos todos tomar o pequeno almoço , fazemos um passeio todos juntos, fazemos vídeo conferência e depois almoço e mais tarde jogo.


Jogas no Marítimo, equipa recém chegada à Liga BPI. Qual o objetivo principal desta época?

A nossa subida foi história, ninguém estava à espera !! Ninguém acreditava em nós!! Acho que foi a maior força que tivemos para mostrar o contrário, fizemos história, a Madeira mais uma vez fez história !!! Pela 1ª vez subiu uma equipa feminina à 1ª liga.  Todas as atletas sonham na Madeira e é motivo de orgulho de todos os madeirenses !!! Dia 27 de maio de 2018 vai ficar marcado na história do Marítimo e da Madeira !!! O objectivo do marítimo nesta época é garantir a manutenção, toda a gente sabe que o nosso principal objectivo é garantir a manutenção e depois desse feito iremos fazer de tudo para estar entre os primeiros 5 lugares porque temos equipa suficiente para estar nesses primeiros lugares da  tabela !


E a Seleção, é sempre um objetivo? O que significa jogar com as Quinas ao peito?

Seleção se é um objetivo ??? Acho que não existe nenhuma jogadora que não lute ou não pense em vestir um dia a camisola das quinas ao peito. É um objetivo, é um sonho e é o ponto mais alto de qualquer atleta, representar o seu país ao peito !!! Eu sinceramente não sei porque nunca representei a seleção mas a sensação deve ser de muito orgulho e uma emoção muito forte.


Como vês a competitividade no nosso campeonato?

A competitividade da Liga BPI não tem nada a ver com a competitividade do campeonato regional onde estávamos. Só existiam 5 equipas não havia tanta competitividade como existe neste momento na Liga BPI. O rigor é muito maior.


Até onde queres chegar com o Futebol?

Adorava chegar ao mais alto nível mas é complicado, hoje em dia já temos muitas condições que não existiam e que  agora nos dão.  Já tenho 23 anos e nunca desisto do meu objectivo mas o futebol não é só saber jogar à bola. Existem muitas coisas por detrás do futebol !!



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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