Maria João, Grupo Desportivo de Valverde


Quando e como surge o futsal na tua vida?

O futsal surgiu na minha vida desde muito cedo, ainda que de forma amadora, jogava na rua com os rapazes todos os dias e na escola, em todos os intervalos estava no campo a jogar com eles, sendo que na escola, já integrava a equipa de futsal. Mais tarde, com cerca de 12 anos, e após participar num interassociações, comecei a jogar futsal federadamente, durante alguns anos com rapazes e mais tarde com cerca de 16 anos comecei a jogar em equipas femininas. O futsal é sem qualquer dúvida, uma grande paixão.


Como é ser mulher num jogo maioritariamente de homens?

As raparigas que praticam a modalidade sabem que existem diferenças, não há tanta visibilidade nem oportunidades apesar de que actualmente o futsal feminino começa a afirmar-se. No entanto, na minha opinião ainda há um longo caminho a percorrer. Fora estes aspectos, sinceramente, quando jogo desfruto apenas daqueles momentos com a bola e em equipa. Nós mulheres somos confiantes e penso que não é intimidante esta ser uma modalidade 'maioritariamente' de homens.


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso na modalidade.

Como referi anteriormente comecei a jogar futsal federado com cerca de 12 anos, a partir daí representei várias vezes as selecções distritais de futebol e futsal, sendo que no ano de 2015 fui chamada para um estágio da Selecção nacional em futebol de 11. Desde então passei ainda por uma equipa de futebol de 11 durante uma época (2016/2017) e entretanto fiz a grande escolha de representar o Grupo Desportivo de Valverde onde permaneço então, e com um enorme orgulho,pois foi e é um clube que me proporciona momentos espectaculares em equipa e que me fez evoluir imenso nestas 2 épocas.


Como é a Maria quando entra em campo?

Quando entro em campo, o meu pensamento é dar tudo até ao último segundo e manter sempre o foco e concentração, para que o balanço seja positivo não só para mim mas também em prol da equipa.


Do que é que já abdicaste pelo futsal?

Não diria propriamente abdicar, até porque 'quem corre por gosto, não cansa' e praticar futsal é realmente uma grande paixão. É verdade que se deixam de fazer algumas coisas, também pelos horários que temos para treinar e a vida pessoal, como sair mais vezes com os amigos. No entanto, a alegria de estar dentro de campo compensa tudo!


Quais os teus objetivos principais esta época?

Quero ser cada vez melhor, superar-me dia após dia e dar o meu contributo a equipa. Um grande objectivo também é que a equipa GDV consiga manter - se na 1 divisão e que continue a provar que temos talento e muito mas muito para dar.


E a Selecção nacional é objectivo?

É objectivo meu sim, é algo que ambiciono mas não vivo obcecada com isso, quero muito e penso que qualquer jogadora o quer. Para já aquilo que faço é superar me dia após dia e trabalhar para ser melhor ultrapassando os obstáculos que vão aparecendo.


Até onde pode chegar a nossa Selecção no Europeu deste ano?

Sinceramente, a meu ver tem boas possibilidades de chegar longe, tem feito grandes exibições e tem uma equipa de um talento fora de série. Certamente que chegarão longe, e que irião dar tudo em campo, representando o nosso país como tão bem sabem.


Se pudesses decidir o que mudavas no futsal feminino?

Para além da igualdade entre o homens e mulheres no futsal. Se pudesse mudaria a visibilidade do interior, da zona onde jogo. A visibilidade do futsal feminino é pouca ou nenhuma, só agora com a subida à 1 Divisão conseguimos ter visibilidade e mostrar e provar de que nós temos qualidade. Tanto que já temos uma jogadora (Rute Duarte) do GDV a ser chamada a selecção nacional pela 2 vez esta época. O que vem a comprovar que no interior existe talento e é preciso que se acredite nisso! Assim como acreditarem que as raparigas sabem jogar!


Que conselhos dás a quem se está a iniciar a modalidade?

Se realmente tem um enorme gosto em jogar futsal e querem chegar longe, o meu conselho é que trabalhem muito e dêem sempre o máximo mesmo quando pensarem que já não conseguem ou que por o caminho não estar a ser fácil quiserem desistir, levantem a cabeça e pensem no quanto gostam da modalidade, lembrem - de tudo o que já pode em partilhar em equipa de todos os momentos que a modalidade proporciona. E enfim que desfrutem de tudo ao máximo, mas sempre focadas e com vontade de trabalhar.



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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