Pedimos, a alguém que a conhece bem, que descrevesse a Joana...


"A Joana, mais conhecida por JP, enquanto jogadora é dotada de imenso talento, é muito rápida, muito ágil, muito forte, apesar da baixa estatura tem uma força de gigante, não dá uma jogada por perdida, decide quase sempre bem os lances e mesmo assim está sempre pronta a ouvir-me se for necessário alguma correção, é incrível! Enquanto miúda a JP é um ser humano excepcional, é muito educada, é muito apoiada pelos pais são de uma humildade tremenda, isso parecendo que não revela-se na característica do atleta, é uma miúda maravilhosa sempre de sorriso transparente, é ótima para o balneário, toda a gente gosta da JP, impossível não gostar, aliás, sou muito grata por ter uma atleta como a JP."

Rita Castro e Silva, treinadora  do F. C. Romariz




 

Joana Cunha, 17 anos, F.C. Romariz



Com que idade surge o bichinho da bola? 

Com 6 anos quando fui para a primária. Era a única menina lá no meio com os meninos, eu era sempre guarda redes era o que eu gostava mais, e todos os dias levava nas orelhas ou porque estava toda esmurrada ou porque rasgava as calças, mas valia a pena !


Praticas te mais algum desporto para além de futebol ? 

Sim, pratiquei ténis. Com 8 anos entrei para essa modalidade. Eu era uma miúda muito tímida, muito reservada, gostava mais de desportos individuais, e desde pequena achava graça ver os profissionais a jogar. Cheguei a ir a um estágio de preparação nacional de ténis. Entretanto tive de sair e fui para futsal onde  cheguei a fazer parte da distrital de Braga, mas sempre preferi futebol.


Porquê o Futebol?

O futebol porque é algo onde eu me divirto a jogar, é muito bom. Saber que tenho mais 17 jogadoras a lutar comigo. Adoro o tremer da bancada, quando é golo ou quando não é, enche-me o coração quando marco um golo ver a minha equipa toda contente a correr para mim e a bancada ao pulos, não há melhor sensação.


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso...

Então como disse acima eu comecei a dar os meu primeiros toques na bola aos 6 anos, era sempre guarda redes mas o meu primeiro desporto foi ténis com 8 e 9 anos. Até mesmo nos treinos de ténis eu jogava com a bola mais nos pés do que na raquete. Entretanto tive que sair, e a melhor coisa que me aconteceu foi a minha mãe me ter inscrito num clube, o CD Aves. Lá, fui durante 2 anos guarda redes, mas tive de sair porque era muito complicado ser a única menina na equipa. Eles  dispensaram-me, fui para o futsal e aí já jogava na frente, fui até á Selecção distrital, mas saí. O meu verdadeiro amor era o futebol!  Fiz um torneio pelo Ringe, e nesse mesmo torneio fui "agarrada" pelo Rio Ave. Joguei lá 1 ano, a equipa acabou e fui para o Freamunde e do Freamunde para a minha equipa actual o  FC Romariz.


Quem são os teus ídolos ? Quem mais admiras no mundo do futebol ? 

Sem duvida os dois grandes! Ronaldo e Messi! Ronaldo tem uma qualidade incrível. O que mais admiro é a sua história, o que passou para chegar onde chegou. O seu esforço motiva-me, já o Messi é mais pelo jeito de jogar, nunca vi igual!  Podem até tentar jogar como o  Messi, mas só ele sabe jogar assim! Já no futebol feminino admiro muito a Marta foi uma jogadora que segui desde pequena e sem dúvida ela tem um futebol muito bom. Aqui em Portugal gosto bastante da Ana Borges, nunca vi "flecha" igual, a forca, a raça dela dentro de campo é impressionante, gosto muito de a ver jogar.


Quem e a Joana quando entra em campo ? 

Bem da maneira que entro e a maneira que saio, sempre de cabeça erguida! Claro que no início há aquelas borboletas na barriga, mas estar com a minha equipa no balneário deixa-me  mais calma, sei que não estou sozinha! Ouvir as palavras da mister sentir a confiança que deposita em mim e em toda a equipa deixa-me motivada. Por isso,  entro sempre com vontade de vencer!


Onde te vês daqui a 5 anos? 

Parecendo que não, mas 5 anos é quase já amanhã. Vejo- me a fazer o que realmente gosto, vejo-me na selecção, vejo-me alguns degraus acima do que estou agora, e sei que vou lá chegar !


Chegar à selecção? Sonho ou objectivo? 

Bem, os dois! Todos os dias, todos os treinos me esforço para corrigir os meu erros para melhorar cada vez mais. Luto para alcançar o meu objectivo e realizar o sonho de ser uma das 11 melhores de Portugal, e poder claro, representar o meu País !


Para terminar, pedia que deixasses uma palavra para todas a meninas que começam hoje a dar os primeiros passos no mundo da bola...

Divirtam-se a jogar à bola! Porque além de por vezes perder injustamente um jogo, correr mal um treino, o futebol só é lindo quando o jogamos com amor. Nunca desanimem porque o treino não correu bem, porque jogamos mal num jogo, ou por às vezes as coisas mais simples parecerem não sair, por vezes podem até achar que só têm azar no futebol, mas a força e a determinação trazem a sorte. Se Ronaldo conseguiu, se milhares de outros jogadores e jogadoras conseguiram, por é que eu ou vocês não haveríamos de conseguir?


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora