Diana Freitas, CCD Ordem


Diana Freitas, joga futsal no CCD Ordem da Distrital da AF Porto. Passou pelo futebol de 11, pelo SC Freamunde onde fez parte da equipa que se sagrou Campeã Distrital na época 2008/2009. No futsal envergou a camisola do GDCR Escolas de Arreigada, CSP Carvalhosa e Citânia de Sanfins FC. Vive na zona onde o vírus "apareceu" no nosso País. Entre frustração, angústia e medo, descreve-nos um pouco dos seus dias...


"Vivemos dias difíceis, em que o medo nos vai sufocando.

Não é fácil de um dia para o outro viveres no meio do foco onde "explode" o vírus em Portugal. Estava tudo normal até ao dia em que acordas e tudo muda. Ficamos perdidos, sem saber o que fazer, sem sentir apoio. Recebemos uma mensagem do clube a avisar, que por tempo indeterminado, estariam suspensas as actividades no clube. A cada dia que passa as notícias focam-se aqui, em Lousada, Felgueiras... cada dia que passava ia notando mais o meu desgaste a nível emocional.

Na semana anterior a isto tudo, riamos todas juntas no treino e do nada a nossa zona vira destaque Nacional e toda a gente fala de nós. O medo aumenta, até que começas a ver o resto do país "cair" por causa do vírus. Passa a ser um inferno. Vês cada vez mais as coisas a descontrolarem-se. Deixas de ver os teus avós, os teus tios, os teus primos, os teus amigos e vês o teu clube de portas fechadas. Vais falando para tentar entender se estão todas bem e se vamos escapando ao vírus, pois muitas da minha equipa estão em zonas mais críticas, o que te deixa com medo.

Ao longo dos dias vais perdendo a tua liberdade e ficas perdida sem saber o que pensar.

Do dia para a noite deixas de estar com quem amas.

Todos os dias me sinto cansada. Eu sou das pessoas que sai de casa todos os dias para "segurar" a economia do País, como tantas outras e a cada dia que passa a tristeza é maior. Os dias, mesmo com sol, passaram a dias sem graça, em que só sorris quando fazes aquela vídeo chamada ou telefonema e mesmo assim tens que ser forte porque do outro lado também sentem o mesmo medo que tu.

Este vírus transformou-me enquanto ser humano, continuo a sorrir com os lábios, tentando não mostrar o medo e o pânico. Mas há dias em que me sinto de tal forma sufocada que até a fazer um simples exercício, a "brincar" com a bola em casa, não me consigo abstrair do que se passa lá "fora".

A única coisa que me segura é saber que quem amo, até ao momento está bem, incluindo a minha equipa.

Passo os meus dias entre o trabalho e casa, aproveitando os dias "maiores" para ir fazendo alguns exercícios no pátio exterior da casa para me manter ativa e na esperança de dias melhores. Não é fácil, estar no trabalho, tens sempre medo que alguém esteja infetado, estás em alerta constante e mesmo assim tens de manter o nível de concentração. Onde todos os assuntos "tocam" no vírus e nos casos que vão aparecendo aqui à nossa volta. Começas a sentir que as coisas estão descontroladas e todos podem ser portadores.

Sinto falta de ir ao treino e rir, partilhar os meus dias com elas, não somos profissionais, somos um grupo que está junto e joga por amor à modalidade e à camisola.

As esperanças de voltar a jogar são cada vez menores. Já tive as minhas lesões e mesmo algumas delas tendo sido graves, com algumas complicações de saúde à mistura, nunca pensei deixar de jogar futsal e confesso que neste momento não penso em voltar, talvez seja só o medo a falar por mim...

De momento não penso no Futsal, sou sincera, penso em ultrapassar isto sem ficar doente, nem eu nem as pessoas que mais amo.

Sou uma pessoa que vê sempre o lado positivo da vida, e espero que as pessoas no fim disto sejam mais humanas e menos capitalistas, como todos podemos ver o dinheiro não compra saúde, não compra amor, não compra liberdade!

Todos os dias tenho o maior cuidado possível para me "safar" desta situação e espero que as pessoas sejam mais responsáveis.

Sinto que ando revoltada, sem paciência e triste mesmo sorrindo.

Falando como atleta, o momento em que vivemos, é como ser substituída ao intervalo. Deixas-te dominar pela tristeza do momento, mas sabes que dependes de ti e da tua equipa para ganhar o jogo. 

Neste caso, a equipa são todos os portugueses!

Porque dependemos apenas de nós para ganhar e sim, um jogo também se ganha no intervalo, enquanto descansamos e refletimos onde podemos melhorar e quais os erros que não podemos cometer na segunda parte. 

Só assim ganhamos!

Todos os dias tenho os meus cuidados, a partir do momento em que saio de casa até que entro, para poder vencer!

A cada dia, em que sei que ao mínimo descuido posso perder o "jogo", perder o campeonato...

A luta contra esta Pandemia é um jogo!

O mais importante das nossas vidas!

E cada novo dia é uma nova entrada em campo..."

                                                                                             Diana Freitas


Raparigas da Bola


© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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