Mónica Alho, 16 anos, Clube Académico da Feira

" A Mónica Alho começou no HP misto no FC Bom Sucesso com 6 anos, treinada pelo Ricardo Nazaré foi o primeiro  treinador que mais a marcou. Regras e simplicidade foram as bases que lhe deixou. A baliza foi a sua opção. Esteve no mesmo clube até à época passada, tendo ido para o CAF por convite do Mister José Reis. A sua paixão pela modalidade é tão grande que a partilhou com uma irmã mais nova que também optou pela baliza. A distância que percorre para os treinos e jogos entre Aveiro e Santa Maria da Feira é muito grande depois de um dia de escola e do esforço que o 10º ano exige. O sonho é defender as cores nacionais e chegar o mais longe possível no HP sénior feminino. Diz que o HP é a sua vida, idolatrando o Ângelo Girão. "É como ele que quero ser quando for grande", são as palavras da minha pequena."

Mãe da Mónica Alho









Quem é a Mónica?

Sou uma pessoa impecável para todas as pessoas, respeito toda a gente mas também gosto que me respeitem a mim, sou uma miúda extremamente divertida e faço todos os possíveis para ver os meus amigos e família a sorrir e verem os lados positivos da vida, sou muito trabalhadora porque nada me vai ser dado e tenho e lutar de por tudo. 


Como surgiu a paixão pelo Hóquei?

A paixão pelo hóquei surgiu de forma muito repentina, quando era mais nova tinha tendência a ter muita energia (por vezes demasiada) e a minha mãe precisava de arranjar métodos para me fazer gastar essa energia toda, foi então que soubemos de um clube de hóquei cá em Aveiro, eu já patinava com patins em linha então pareceu-me boa ideia e fui experimentar, tenho de admitir que foi um amor instantâneo, bastante puro e dos mais reais.


A tua família sempre te apoiou nesta escolha?

Toda a minha família me apoiou nos meus primeiros anos, mas quando começou a ficar mais sério sem dúvida que esse número de pessoas foi diminuindo e só quem passava mais tempo comigo e via a felicidade que o hóquei me dá continuou a apoiar-me incondicionalmente, tenho de dar esse destaque à minha mãe e avó, nunca me abandonaram depois destes anos todos e eu não estaria onde estou se não fossem elas, elas são as verdadeiras mulheres aqui.


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso na modalidade?

Comecei num clube chamado "Futebol Clube do Bom-Sucesso", a minha casa durante 7 anos, a minha segunda família, foi lá que aprendi todos os básicos do hóquei, algumas das minhas amizades mais importantes foram lá que foram criadas. Comecei como jogadora porque adorava patinar e era muito boa mas chegou a um ponto em que a minha equipa não tinha guarda redes e nenhum rapaz se oferecia então eu e uma actual colega de equipa, a Sofia Portugal decidimos oferecer-nos para experimentar, eu odiei completamente ser guarda redes, o material era desconfortável, grande e suava demasiado, na altura não tive a coragem de desistir e ainda bem que não tive. Depois desses 7 anos foram-me apresentados alguns projectos e o que mais me chamou à atenção foi o do meu actual clube, o "Clube Académico da Feira" posso ter aprendido o básico no Bom Sucesso mas sem dúvida que me encontrei como guarda redes e evoluí na Feira. Estou na segunda época a jogar pelas seniores femininas e gosto muito. Comecei nas seniores com 14 anos e não teria conseguido se não fosse a Sofia a dar-me boleia uma época inteira, muita gente nos achou malucas na altura por arriscarmos ir jogar para um clube a 1 hora de distância mas o amor e motivação que nos move faz com que compense, estava nervosa por dar um salto tão grande mas a Feira acolheu-me muito bem.


Como te defines enquanto jogadora?

Considero-me uma jogadora muito motivada e determinada a conseguir o que quero mas mais importante ainda, sou uma jogadora feliz, isso permite-me levar o hóquei seriamente mas também a divertir-me enquanto o pratico.


Quem admiras no Hóquei? Quem é a tua maior referência?

O Girão. Os meus amigos e familiares gozam bastante comigo porque eu tenho uma admiração que não cabe na cabeça de ninguém pelo Girão. Ele é um guarda-redes completo, na minha opinião é o melhor nacionalmente e um dos melhores do mundo. A minha forma de defender é semelhante à dele e mesmo o nosso temperamento dentro de campo é parecido. O Edo Bosch quando ainda jogava também era um grande exemplo para mim, treinei várias vezes com ele e recebi grandes conselhos que ainda hoje levo comigo.


Sonhos e objectivos. Quais os teus para um futuro próximo?

Acho que é o sonho de qualquer pessoa, representar as cores nacionais. Represento a selecção distrital de Aveiro há bastantes anos o que me dá uma visão melhor do que é estar numa selecção. Adorava jogar no Sporting, o meu clube de coração desde pequena, quando soube da criação de equipa feminina fiquei muito feliz por mais um clube grande criar equipa feminina. 


Se tivesses esse poder, o que mudarias ou acrescentarias ao Hóquei Feminino em Portugal?

A mentalidade das pessoas. As pessoas em Portugal (não todas obviamente) ainda acham que só existe o futebol e que os rapazes são os melhores e isso não é verdade. As raparigas são um grande potencial nacional e temos que dar mais valor a todas. Temos de nos esforçar o dobro dos rapazes para sermos reconhecidas e podermos jogar o desporto que queremos e ninguém percebe isso, as mentalidades têm de ser mais abertas e aí as coisas vão melhorar. 



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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