Patrícia Mexia, 20 anos, Sport Lisboa e Benfica


Quem é a Patrícia?

Chamo-me Patrícia Mexia, tenho 20 anos, e sou de Vila Franca de Xira. Sou guarda-redes de futsal sénior do Sport Lisboa e Benfica e estudo Ciências Biomédicas Laboratoriais.


Como é que surgiu na tua vida o Futsal?

Sempre gostei de desporto e de "jogar à bola", particularmente. E quando surgiu oportunidade de poder ir jogar um bocadinho mais a sério, aproveitei!


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso.

Comecei no clube de casa, no Alhandra S.C., quando soube que existia equipa de futsal feminino, onde estive dois anos. Jogávamos por gosto e prazer. E naquele tempo, também fui percebendo que queria algo mais. Quando surgiu o futsal feminino no Sporting, aproveitei a oportunidade e fiquei! Estive três anos lá, onde fiz a maior parte da minha formação. Ao fim desse tempo, surgiu a hipótese de, ainda júnior, vir para o Benfica e desde aí (esta é a 3ª época) que estou com a equipa. No ano que passou, tive ainda a oportunidade de representar a Selecção Nacional Universitária.


Do que é que já abdicaste pelo Futsal e o que é que o Futsal já te deu?

Tento não ver as coisas como "abdicar", mas mais como "escolhas". Se calhar gostava de poder estar mais com os meus amigos, ou passar mais noites e fins de semana com a minha família, estar com pessoas que gosto em momentos importantes ou ter mais tempo para estudar. Mas sei que o futsal também me está a dar outras coisas que quero e preciso. Pessoas, experiências, aprendizagens, momentos fantásticos e outros menos bons. São coisas que ficam para sempre, também.


Como é a Patrícia fora da quadra?

A Patrícia é uma pessoa muito simples. Gosta de passar um bom bocado, rir, descontrair, passear, aprender... Gosto de tentar aproveitar tudo o que me rodeia. E dar um pouco de mim àquilo que mais gosto.


Como te caracterizas como jogadora?

Sou ainda uma "miúda" nisto, e tenho muito para aprender. Tento contribuir sempre com o meu melhor em campo, pela minha equipa. Mas trabalho para ser cada dia melhor.


O que significa para ti ser guarda redes?

Ser guarda redes é ser um pouco fora do comum. É ser o último a cair e o primeiro a levantar. É ser nervoso, atento e concentrado. É ter de ser frio, quando tudo está a ferver. Ser intenso e calmo. É algo de especial. Gostava de conseguir explicar melhor, de verdade. Mas é algo que só sentindo, se percebe.


És uma das GR da equipa Sénior do SLB. É uma enorme responsabilidade?

É sempre uma grande responsabilidade fazer parte do grande clube que é o Sport Lisboa e Benfica. É uma grande responsabilidade fazer parte duma equipa que luta sempre, sempre para ganhar tudo a que se propõe. Com algumas das melhores jogadoras de Portugal. É preciso ter noção disso. Mas se ali estamos, é porque confiam em nós e no nosso trabalho. É uma responsabilidade grande, mas boa.


E treinar com a Ana Catarina, a melhor do Mundo, como são os treinos?

Treinar com a Ana é sempre um desafio e um prazer. Não é por acaso que ela é a melhor do Mundo. Ela trabalha imenso para isso. O que nos faz a nós querer mais fazer mais e melhor também! Cada exercício, cada defesa, podemos aprender um bocadinho mais. Ela ajuda-me bastante, e dá-me na cabeça quando preciso e sabe que posso dar mais, mas também me apoia quando mais preciso e quando estou bem. Mas se há algo que estes poucos anos com a Ana me têm ensinado, é que por melhor que possamos estar ou achar que estamos, há sempre, sempre espaço para ser ainda melhor. E é por isso que a ela é a melhor do Mundo. É um prazer aprender com ela.


E o Europeu deste ano? Quais as tuas expectativas e até onde achas que podemos chegar na competição.

Eu acredito mesmo que temos hipóteses de ganhar. Temos uma selecção recheada de excelentes e experientes jogadoras. E para além disso, o Europeu em nossa casa acho que é uma motivação ainda maior para o sucesso! Não será fácil, porque as outras selecções também são muito competentes e vêm com vontade de ganhar. Mas acho que Portugal tem grandes chances de vencer este Europeu. Seria algo fantástico!


Acreditas que o Futsal Feminino em Portugal tem bases para chegar longe?

Eu creio que sim. A competitividade no campeonato nacional é bastante elevada e vemos mais equipas que sobem e dão muita luta, a fazer resultados excelentes. Mais miúdas a querer jogar, jovens a chegar à selecção principal e o desempenho da selecção olímpica. A visibilidade do jogo que cada vez é maior. Acho que estamos num bom caminho. É preciso que continue assim, para que o futsal feminino possa crescer ainda mais!


Que conselho dás a quem se está a iniciar na modalidade?

Acima de tudo, que se divirtam e desfrutem do que o jogo. É a essência de tudo. Só poderão dedicar-se a algo que realmente gostam e vos dá prazer. Se têm sonhos de chegar longe e, quem sabe, um dia jogarem ao lado daquelas que hoje admiram, lutem e agarrem as oportunidades. Não desistam e sejam felizes a jogar Futsal!




Marta Faria e Olga Reis, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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