Rafaela Ventura, Diretora Futebol Sénior Amora F.C.






Como começou o projecto do futebol feminino do Amora?

Na década de 80, o Amora FC chegou a aflorar esse projecto, no entanto, como na altura só haviam umas poucas equipas em Lisboa, acabou por não levar avante. O arranque a sério deu-se na época 2017-2018. Iniciámos com equipa de Seniores e Sub-19. E logo na época seguinte, a transacta, conseguimos os primeiros sucessos: vencemos a Taça da Associação de Setúbal, e passámos à segunda fase do Campeonato de Promoção, que dava acesso à disputa de subida de divisão.


Em que bases assenta? Que escalões de formação existem? Quantas atletas praticam futebol no Amora FC?

Neste momento o Amora FC tem como objectivo aumentar os seus escalões, inserindo uma equipa de juvenis e aumentar a formação para a época 2019-2020, para juntar às juniores e seniores. Temos cerca de 70 atletas femininas, porque o objectivo é formar bem, e de forma estruturada, para crescermos bem e de forma sustentada. O presente e o futuro passa e passará pela formação.


Breve resumo da temporada que passou, objectivos foram alcançados, expectativas superadas?

Na época 2018-2019 conseguimos alcançar os objectivos pretendidos, que foi a conquista da Taça da Associação de Setúbal, o 3º lugar da série E da II divisão, que nos deu a hipótese de passar à segunda fase e lutar pela subida à primeira divisão.
As nossas expectativas foram alcançadas, as atletas estiveram à altura dos objectivos propostos, e tendo em conta que foi apenas a segunda época de implementação do futebol feminino no clube, foi muito positivo, sabendo que queremos sempre mais e melhor.

Que condições tem o clube para o futebol feminino?

O Amora FC, com o apoio da câmara municipal do Seixal, apostou na construção do Centro de Treinos do Serrado, um projecto ambicioso que providenciou um novo campo de treino e jogo, quer para o futebol feminino, quer para toda a formação. É um projecto fulcral e basilar, que se encontra ainda em desenvolvimento, mas que quando finalizado irá proporcionar a todos os atletas um maior desenvolvimento a nível desportivo, pois terão ao seu dispor novos balneários, sala audiovisual, gabinete médico, ginásio entre outras coisas. Na terceira fase do projecto será igualmente construída de raiz uma bancada totalmente coberta, com capacidade para 1300 pessoas, estacionamento adjacente, bar de apoio, e dotará o Centro de Treinos do Serrado de condições para os atletas e adeptos que estarão ao nível que merecem. Para além de todas estas novas estruturas e valências, o clube tem desenvolvido um enorme esforço em recursos humanos, materiais e logísticos, para que nada falte às nossas atletas e possam desenvolver o seu futebol da melhor maneira e evoluir cada vez mais.


Quais os objectivos para 2019-2020?

Os objectivos do Amora FC são bem claros e ambiciosos. Apesar de sabermos do crescente número de equipas a nível nacional que apostam no futebol feminino e começam esta nova época com os seus próprios projectos, não nos desviamos da nossa ambição e este ano para as seniores apostamos na subida à primeira divisão, bem como à reconquista da Taça da Associação de Setúbal, e chegar o mais longe possível na Taça de Portugal. Para os outros escalões, queremos reforçar o desenvolvimento e melhorar os resultados das nossas juniores e apostar forte na restante formação, para que possam no futuro reforçar a equipa sénior com qualidade.


A nível de formação o que prevêem fazer no futuro?

Como aflorei na resposta seguinte, o projecto do Amora FC está muito focado na formação. Todo o investimento que está a ser feito em infraestruturas e meios humanos, tem como objectivo dar as melhores condições para o desenvolvimento destas atletas, nos diferentes escalões, com métodos modernos, equipas técnicas multidisciplinares, pois é nelas que vemos o futuro do futebol feminino. Um dos aspectos que identificámos no início, mesmo em atletas seniores, foi algum défice de formação. Ou seja, muitas das atletas que são hoje seniores, não tiveram uma formação adequada, como é feito há décadas no futebol masculino. Acreditamos que colmatando esse aspecto, as nossas seniores do futuro estarão melhor preparadas a nível desportivo, com mais experiência, melhores capacidades e no geral, o futebol feminino em Portugal irá evoluir ainda mais.


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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