Dolores Silva, Atlético de Madrid

Digamos que quase não precisas de apresentações, mas mesmo assim, quem é a Dolores ?

A Dolores enquanto jogadora é uma apaixonada pelo que faz, trabalho para melhorar a cada dia e crescer enquanto jogadora. Procuro dar sempre o meu melhor dentro e fora de campo, de forma a sentir-me bem fazendo o que mais gosto e rodeada, longe ou perto, das pessoas importantes na minha vida e que sempre me apoiam.


E o bichinho do futebol, apareceu quando?

Desde muito cedo começou esta paixão. Lembro-me de ter 4 ou 5 anos e andar na cresce e na rua a correr atrás da bola. O meu pai alimentou desde aí o bichinho e à medida que fui crescendo foi quem me ajudou a dar os primeiros passos e entrar no clube onde morávamos, o Real Massamá. Desde que me lembro passava sempre muito tempo na rua a jogar com os amigos, na escola e com o meu pai sempre que tínhamos tempo juntos.


Várias épocas ao serviço do histórico 1 de Dezembro, onde foste Campeã. Nessa altura jogar futebol era ainda mais complicado do que hoje, a nível de mentalidades e facilidades. O que achas que mudou?

Bem, felizmente, muita coisa mudou desde então. Saí do 1º Dezembro em 2011, e desde então para cá nota-se uma grande evolução no futebol feminino português. Há mais condições para as atletas praticarem futebol, e até houve inclusive a criação de equipas profissionais em Portugal, com a entrada dos clubes grandes. Há mais visibilidade, fruto do contributo das redes sociais, e também da FPF, que tem vindo a desenvolver projetos promissores para a formação e competitividade na modalidade, inclusive o número de praticantes aumentou. Tudo isto ajuda as mentalidades a mudarem e hoje em dia, já se vêem muitos pais a apoiar as filhas a jogarem futebol.


"Quero ganhar títulos em Espanha e chegar o mais longe possível na Champions." 


Deste o "salto" e foste para a Alemanha. O que te levou a sair de Portugal?

Na altura tinha 19 anos, tinha a ambição e o sonho de me tornar jogadora profissional e, felizmente, surgiu a oportunidade de ir para a Alemanha, uma das ligas mais competitivas, na minha opinião a mais, e não hesitei.


Estiveste em dois clubes diferentes, o FCR Duisburg e o FF USV Jena, numa das ligas mais competitivas da Europa. Como foi a adaptação a esta realidade tão diferente da nossa?

Ao início, como em todas as fases de adaptação foi um pouco mais complicado pela barreira da língua e pelo facto de após 2 meses com a equipa me ter lesionado gravemente no joelho. Felizmente, consegui mais depressa do que pensava começar a entender e a falar, o que me ajudou muito, e graças a Deus tudo correu bem com a recuperação e pude desfrutar de mais 5 anos na Alemanha a jogar. Em 2 diferentes clubes, mas em ambos vivi experiências e momentos fantásticos, foi sem dúvida das experiências mais gratificantes como jogadora, porque me permitiu estar a jogar ao nível que tanto sonhei e, por outro, a nível pessoal. Cresci e conheci pessoas que certamente irão estar para a minha vida.


"Foi um título muito desejado e procurado pelo SC Braga nos últimos anos, que teve sempre pela frente um adversário muito forte o SCP, mas fiquei muito feliz que desta vez tenham conseguido mesmo levar a taça para Braga."


Como analisas o teu crescimento a nível futebolístico após essa passagem pela Alemanha.

Penso que me ajudou muito a crescer enquanto jogadora, através da competitividade e das experiências em ambos os clubes. Todos os dias fui sempre aprendendo com os diversos treinadores e colegas de equipa.


Época 2017/2018, assinas pelo SC Braga, numa altura em que os "grandes" abrem portas ao feminino. Porquê o Braga?

A oportunidade de voltar a Portugal surgiu através do SC Braga. Achei desafiante e decidi voltar por uma época ao meu país e viver a oportunidade de ser profissional em Portugal.


Acreditamos que tenhas vibrado tanto ou ainda mais que as tuas ex companheiras com a vitória na Supertaça. O que sentiste? O que significa esta conquista para toda a estrutura feminina do SC Braga?

Confesso que foi um momento muito especial e não contive a emoção ao ver as minhas ex colegas e ex staff a festejar, foi como se parte de mim estivesse de perto a viver aquele momento do clube. Foi um título muito desejado e procurado pelo SC Braga nos últimos anos, que teve sempre pela frente um adversário muito forte o SCP, mas fiquei muito feliz que desta vez tenham conseguido mesmo levar a taça para Braga.


Agora em Madrid, onde representas o Atlético, um dos históricos de Espanha. Como têm sido os teus dias desde que estás em Espanha?

Tem corrido bem, estou aos poucos adaptar-me a outra realidade e para mim é um sonho puder fazer parte desta grande equipa/clube.


É uma realidade diferente da nossa, não é?

É uma realidade mais competitiva, e nos últimos anos pelo que oiço, é que a liga espanhola evoluiu muito até se profissionalizar mesmo.


Quais os teus objetivos para esta época?

Os meus objetivos para esta época são trabalhar ao máximo todos os dias, disfrutar das oportunidades e aprender com todas as minhas colegas e treinadores, seja no clube ou na seleção sempre que seja chamada. Quero ganhar títulos em Espanha e chegar o mais longe possível na Champions.



Obrigada Dolores e uma época excelente é o que te desejamos!!

Marta Faria,

Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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