Sónia Silva, 26 anos

                                                  Associação Desportiva Ovarense

Sónia Silva, 26 anos, defesa e uma das capitãs da Ovarense. Vai para a 4ª época ao serviço do clube de Ovar.


Como viveu a equipa toda esta situação da atribuição do título ao Marítimo, passadas algumas semanas desse mesmo título vos ter sido atribuído em casa, no 2º jogo da final do Campeonato de Promoção?

Foi uma noticia inesperada!
O sonho de qualquer atleta é ganhar títulos, e então um titulo a nível nacional, não é fácil ver ser retirado na secretaria!
Mas a Ovarense recorreu e como se costuma dizer, a esperança é a ultima a morrer.
Ambas as equipas seriam merecedoras deste título.

Vai para a 4ª época ao serviço da Ovarense. O que tem este clube de diferente? Que alma é esta das gentes de Ovar?

Principalmente porque é um clube que respeita o Futebol Feminino.

Foi um clube que me recebeu de braços abertos, um clube com história, que apesar de ir para o seu 4º ano de existência no Futebol Feminino em séniores, é um clube que apostou forte neste género, e isso ficou bem provado no nosso percurso ate à data de hoje.

É um clube onde se respira união, garra, determinação, onde se vive um sentimento único e familiar.

Costumo dizer que a Ovarense não vive de condições, mas sim de Paixões!

O adepto vareiro, é de certa forma especial, muito determinado, muito seletivo, tanto temos um grupo crítico, o que acaba por ser bom, que nos fazem ver alguns pontos em que podemos melhorar e de certa forma, nos dão forças para sermos cada vez melhores, como temos a outra parte que luta connosco, que vive e vibra do outro lado do campo, que defende qualquer atleta em alguma ocasião, um povo apaixonado pelo nosso futebol.
Confesso que me enche o coração receber algumas mensagens de apoio à nossa equipa, o que mostra que conseguimos conquistar a cidade de Ovar.
Ser Ovarense é ser diferente!

Falando de ti, como te caracterizas como jogadora? O que é que a Sónia traz a esta equipa da Ovarense?

Caracterizo-me como uma jogadora com raça, certinha, que joga por amor à camisola.
Tento deixar um pouco da minha imagem nesta equipa.

Como uma das capitãs, tenho como objectivo pessoal, manter um balneário unido, cativado, um grupo humilde que vive as "dores" umas das outras, fazer com que cada atleta se apaixone por este clube e sinta a responsabilidade de carregar a cruz ao peito. Acho que um bom balneário é grande parte responsável pelo sucesso a nível colectivo e individual.

Como concilias vida pessoal/profissional, com a prática do futebol? O que é mais difícil?

Posso dizer que a minha vida é Trabalho - Futebol - Casa!

Trabalho numa empresa a tempo inteiro, é sair e ir directamente para o treino, onde fica a 30 km de casa, para chegar a casa por volta das 23h, isto em 2 vezes por semana, e os fins-de-semana serem preenchidos pelo futebol.

Não digo que seja a parte mais difícil, pois quando se anda com gosto, tudo se torna mais fácil.


A nível futebolístico, onde te vês, por exemplo, daqui a 5 anos?

Pergunta difícil tendo em conta a minha idade eheheh
Mas neste momento não me vejo a representar outro clube sem ser a Ovarense. Estou apaixonada por esta casa e dificilmente sairei deste clube.

Até onde pode chegar a Ovarense, agora que atingiu a Liga BPI? Quais os objetivos para esta nova época?

Acho que podemos surpreender tal como o fizemos nesta ultima época!
Estamos a construir uma equipa ainda mais forte e experiente, mais aguerrida e muito mais competitiva.
Os objectivos são claros, garantir a manutenção na Liga BPI, chegar o mais longe possível na Taça de Portugal e a conquista da Taça de Aveiro.


Marta Faria/AV

Raparigas da bola


© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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