Sofia Azevedo, Vis Fondi Calcio A5, Itália

Comecemos pelo Presente...


De volta a Itália, ao Vis Fondi, como está a correr o regresso depois das férias?

Sim, de volta a Itália, depois de umas férias também cansativas. O regresso está a correr bem, temos um grupo de trabalho com colegas novas e outras que permaneceram da época passada e estamos a trabalhar muita na pré-época para conseguirmos chegar aos objetivos do clube nesta época.
Obviamente que de início existem sempre quaisquer problemas físicos e eu não sou excepção, também os tenho e estou a recuperar bem!



"Quando um jogo te corre menos bem e não tens lá o apoio habitual da tua família. Penso que o que custa mais na adaptação é, sem dúvida, o facto de estares longe de casa."  


Quais os objetivos do clube para esta época?

O clube tem como objetivo principal a manutenção na série, mas como é lógico se pudermos subir de categoria melhor ainda!
Para a próxima época vai existir a nova categoria em futsal aqui em Itália, ou seja, uma Serie B. O que vai levar a que muitas equipas de cada grupo da Serie A2 desçam de Série. Este ano vai ser muito complicado e com muita competição, ninguém quer descer de divisão!


No início, quando chegaste a Itália pela primeira vez, como foi a adaptação? À língua, às gentes, costumes...ao clube.

No inicio? Foi mesmo muito complicado... Muitos pensam: "Aquela vai jogar para fora, só joga e tem uma bela vida!" ou "Estás a jogar e tens ordenado, é fácil!" mas não é assim, não de todo. É verdade que jogo Futsal profissional em Itália e tenho o meu ordenado por fazer o que faço. Mas é verdade que também não tenho de todo o carinho da minha família, dos meus amigos e dos meus cães. É verdade, também que, falto aos aniversários da minha Mãe, das minhas sobrinhas, das minhas Irmãs, e que isso custa muito. Temos uma vida complicada, com as exigências que tens sobre ti mesmo e que os outros esperam de ti. Quando um jogo te corre menos bem e não tens lá o apoio habitual da tua família. Penso que o que custa mais na adaptação é, sem dúvida, o facto de estares longe de casa.
Em relação à comida, às tradições, é algo fácil de te habituares, os Italianos comem muito bem e têm uma excelente cozinha. Sermos conquistados pela cozinha Italiana é fácil!
Em relação ao clube, graças a deus, estou num Clube muito bom que desde o primeiro dia nunca me deixou de faltar com nada, sempre me ajudaram muito com a língua, com apoio moral e médico. São pessoas extraordinárias mesmo, não tenho mesmo como me queixar. Mas em termos de jogo, Portugal é totalmente diferente de Itália. Os Italianos ainda têm uma mentalidade muito física, trabalham imenso o físico enquanto nós somos mais tácticos. A adaptação aqui torna-se difícil porque temos maneiras de jogar totalmente opostas.


Agora sim, falemos um pouco sobre ti..


Quem é a Sofia?

A Sofia é uma menina da "família" basicamente é isto. É uma rapariga que vive para a Família, que mete a Família acima de tudo, até de si própria. A Sofia é também muito exigente e muito honesta, não gosta nada de pessoas que não são genuínas, não gosta de pessoas que se movem por interesses. Não é de todo, uma pessoa que confia facilmente nas pessoas. A Sofia é simples e gosta de coisas simples mas tem um mau humor horrível.


"Irei trabalhar sempre todos os dias para melhorar cada aspecto, mas veremos o que o futuro reserva." 


A Sofia das "quadras" é diferente da Sofia da "vida real"?

Sim, a Sofia das "quadras" é bem diferente da Sofia da "vida real". A Sofia das "quadras" quando está em campo, pensa apenas em jogar, desfrutar e o pensamento base é :" Não tenho amigos aqui, ou eu ou eles", e é por esse pensamento que tenho que muitos me julgam uma pessoa arrogante. Mas, afinal de contas, tem de ser assim, eu tenho que pensar por exemplo, numa disputa de bola que tenho que entrar duro, que aquela disputa de bola sou eu que levo a bola comigo, certo? Se penso que é minha amiga, deixo-a passar, mais vale ficar em casa a ver o Futsal na televisão. Sou muito exigente comigo e com a minha equipa e por todos os clubes que passei sabem perfeitamente disso. Muitas das que foram minhas colegas de equipa temos uma relação de amor-ódio devido á minha exigência. Sou um "Monstro" dentro de campo como me costumam dizer, porque dou tudo de mim dentro daquelas quatro linhas.
A Sofia "da vida real" já é o oposto, é amiga, gostar de estar com amigos seja na praia ou no café, gosta de agarrar no carro e partir na aventura. Gosta do carinho dos seus amigos e da família. Penso que a única coisa que têm em comum estas duas Sofias é simplesmente a exigência.


Como e por onde começa o teu percurso no futsal?

O meu percurso no Futsal nasce através de um senhor chamado Bruno, que  era treinador na equipa de Futsal Tricampeã da distrital de Setúbal, equipa que se chamava, P.C.R (Portugal Cultura e Recreio), este senhor chamou-me para ir fazer treinos com a equipa dele e assim fui com 12 anos treinar com uma equipa sénior de futsal, sem nunca ter jogado, porque na altura eu era jogadora de futebol 11. Foi lá que aprendi muito sobre o Futsal, e tive o prazer de partilhar balneário nessa equipa, com uma das guarda-redes da nossa seleção nacional , a Naty.


O que te levou a sair do País? Foste atrás do "sonho"?

Sim, o que levou a sair do nosso país foi o facto de ir atrás do "sonho" , que infelizmente no nosso país não é tanto possível, porque temos tanta qualidade e não somos valorizadas. E então para poder ser jogadora de futsal profissional temos de sair do nosso país. Infelizmente, a nossa realidade de hoje em dia é esta.


Jogar pelo nosso País, é algo que ambicionas?

Obviamente, acho que qualquer atleta trabalha para representar o seu país. Espero um dia chegar a esse nível e poder representar a nossa selecção. Irei trabalhar sempre todos os dias para melhorar cada aspecto, mas veremos o que o futuro reserva.


O que achas que te falta atingir a nível desportivo?

Gostaria de ser campeã aqui em Itália e ganhar uma Coppa Itália, acho que seria o ideal. Porque em Portugal já ganhei muitos títulos, mas penso que em Itália, é onde me sinto mais realizada desportivamente, e então ganhar estes títulos cá seria fenomenal!


Portugal garantiu lugar na fase final do primeiro Campeonato Europeu de Futsal. Como tens visto o crescimento do nosso Futsal? A nível de Seleção e Clubes.

A nível de Seleção é um crescimento incrível, estamos num caminho muito bom mesmo, somos uma seleção das melhores da Europa e temos muitas probabilidades de vencer o Europeu de Futsal. E o crescimento de Clubes em Portugal, tem vindo a crescer com as apostas dos clubes grandes no futsal feminino e nas melhores condições e isso reflecte-se na nossa seleção, onde existem jogadoras hoje em dia, tecnicamente e tacticamente muito desenvolvidas e que sem a competição diária dos clubes onde se encontram isso não é possível.


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora