Sara Wallace, 37 anos.

20 anos de vida dedicados ao futsal. 

Internacional por Portugal, passou por emblemas miticos da modalidade, F.C. Vermoim, Restauradores Avintenses, Novasemente e o Santa Luzia.

Agora, longe da baliza, mas nunca fora da quadra, enverga o símbolo da FPF, como arbitra de futsal




Como atleta, não foi fácil deixar o futsal, era muito da minha vida. Foi um período difícil a nível emocional mas deixei quando senti que era o momento, por ter tido uma época menos conseguida com lesões numa mão, alguma frustração pessoal e por saturação também, desgaste, senti que estaria na altura de ter mais tempo para a minha vida pessoal ou para conseguir, pelo menos  organiza la de outra forma, em que eu pudesse gerir consoante o que eu pretendesse e sem que falhasse a algum compromisso.

Tive um período de pausa, durante uns meses, ainda dei treinos de guarda redes mas senti que a minha ligação ao futsal teria de continuar. Queria ser a timoneira do meu próprio barco, dar um contributo da minha pessoa, onde pudesse ter um papel mais directo na quadra consoante alguns valores que eu sempre defendi enquanto atleta e pessoa. 

É aqui que entra a arbitragem na minha vida e sabendo que são raros os casos em que atletas referenciados se convertem para esta vertente, através de um desafio de um amigo meu para tirar o curso, o qual achei que não iria concluir sinceramente porque nunca me imaginei deste lado, senti o despertar da ambição e do desafio que sempre fez parte da minha identidade. 

Após concluir o curso tive durante dois anos a arbitrar no campeonato distrital de Braga até que nesse mesmo ano abriram vagas para o seminário da academia da arbitragem da FPF, com possibilidade de ingressar os quadros femininos. Fui uma das indicadas pela minha associação, obtive o 1º lugar no seminário e hoje sou árbitra da FPF.

Esta foi a minha primeira época, estou muito feliz por mais uma vez ter esta insígnia ao peito, é uma sensação de orgulho e dever cumprido. Ser árbitra fez-me crescer muito como Mulher e ter a certeza de que tomei o caminho certo porque respeita valores no desporto que sempre defendi, o ser integra e a favor da verdade desportiva. 

Aqui temos de estudar, de treinar e nos dedicar também para errar sempre o menos possível e não prejudicar nenhuma equipa, e acima de tudo, falo por mim, tento passar aos jogadores/as que o desporto quer pessoas que saibam estar nele, que não vale tudo para ganhar. 

Na arbitragem conheci pessoas espectaculares, dedicadas e com um grande espírito de camaradagem e que me fazem ter a certeza de que continuo no deporto por nele estarem pessoas assim, sou muito grata pelo meu trajecto. 


Marta Faria

Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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