Raquel Infante

Raquel Infante, a defesa do Rodez F. C. e Internacional por Portugal, conta-nos um pouco sobre o seu percurso no Futebol.


De que forma entrou o Futebol na tua vida?

Desde muito pequena que comecei a jogar , porque via o meu irmão e os meus primos jogarem. Como passava muito tempo com eles, penso que me influenciou. Aos 9 anos, o meu irmão foi treinar ao Clube Futebol Benfica , e eu fui com o meu pai ver o treino e reparei que no campo ao lado estavam raparigas a treinar e disse de imediato ao meu Pai que queria jogar numa equipa. E assim foi, comecei a treinar com as Juniores do Clube Futebol Benfica. Mas antes de começar numa equipa, jogava todos os dias na rua, nos intervalos da escola. Sempre fui "maluca" pelo futebol.

A Raquel dentro de campo é diferente da Raquel fora de campo?

Sim posso dizer que sim. Quando estou nos jogos ou treinos sou uma jogadora que posso dizer com um carácter muito forte. Dou sempre o meu máximo e algumas vezes para as jogadoras que não me conhecem pensam que sou agressiva, porque algumas vezes a forma como falo com as minhas colegas no treinos e jogos é por vezes "agressiva". Mas quem me conhece sabe que é a minha maneira de viver o jogo . Fora de campo sou uma pessoa mais brincalhona , mais descontraída. Posso dizer que sou muito diferente.

A par de Carolina Mendes, és das jogadoras que já passou por diversos países a jogar futebol. Fala-nos um pouco do teu percurso depois da saída do 1º de Dezembro.

A minha primeira experiência no estrangeiro foi em Espanha, no L'Estartit , os primeiros meses foram difíceis saber lidar com a ausência da família e amigos , da qual valorizo muito. Mas tive a sorte de jogar com uma amiga a Carolina que me ajudou muito. Do L'Estartit fui para o Llanos de Olivenza, também em Espanha, onde estava perto de Portugal e consegui assim terminar o meu curso de Marketing no Politécnico de Setúbal. Decidi mudar de campeonato e experimentar o italiano, durante estes 3 anos tive a sorte de jogar sempre com a Carolina. Fui jogar para a 1 divisão italiana, para o Riviera de Romagna. No final dessa época tive uma lesão grave no joelho que fez com que durante 6 meses estivesse afastada dos relvados. A recuperação foi realizada em portugal . Após a lesão voltei para Itália, para um clube também da mesma divisão e U.S.D San Zaccaria que apostou em mim,para jogar com eles de Janeiro a Junho. Após esse ano decidi por motivos pessoais que queria voltar a Portugal temporariamente, e voltei a jogar no clube onde comecei a jogar, no clube Futebol Benfica. Mas em Janeiro voltei a sair para Finlândia, para o Åland United. O campeonato na Finlândia tem um formato diferente e termina em Outubro. Antes de terminar já tinha a proposta para jogar no Levante, em Espanha. Voltei a Espanha , onde estive até Junho de 2017. Sempre quis experimentar o campeonato Francês e após receber uma proposta do RODEZ Aveyron Football, decidi arriscar.


"A adaptação em Rodez foi mais fácil do que estava a espera."  


Sentes que este percurso te fez crescer tanto como jogadora como pessoa? Até agora que mais valias te trouxe?

Este percurso fez me crescer como pessoa e como jogadora. Como pessoa fora do campo, dou destaque aos idiomas que aprendi, inglês, espanhol, italiano e Francês. Tornei me uma pessoa independente, conheci muitas culturas, diferentes pessoas de vários países, fiz muitas amizades e isso fez com que hoje em dia eu respeito muito a maneira de pensar de cada um. Valorizo cada vez mais o nosso Pais e o pouco tempo que tenho de férias, é passado em portugal junto da família e amigos. Dentro de campo, fez me ganhar uma grande confiança nas minhas qualidades, aprender a ler diferentes tipos de jogo, como por exemplo, um jogo mais directo e menos creativo na Finlândia, um jogo mais físico e técnico em França, entre outros. Posso dizer que me adapto rápido a diferentes estilos de jogo.

E a adaptação ao Rodez, como foi?

A adaptação em Rodez foi mais fácil do que estava a espera. Também pela experiência dos anos anteriores e pela minha maneira de ser fora do campo , ajuda muito a integrar-me rapidamente em novas equipas, em conhecer pessoas novas e assim consigo aprender os idiomas mais facilmente.

Com 26 internalizações, entre elas uma presença histórica numa fase final de um Europeu, e ainda um fantástico 3º lugar na prestigiada Algarve Cup. O que traz a Raquel,defesa central, a esta Seleção?

Toda a vontade de fazer parte do grupo e ajudar a nossa seleção a atingir os objectivos. Treino afincadamente no clube para chegar na melhor forma e poder representar o país nas melhores condições.


"No futebol nada está fora, já tive convites de clubes portugueses..." 


Acreditas que esta Seleção possa vir a alcançar um lugar no próximo Mundial?

Acredito. Este grupo que temos na seleção é muito forte e tem muita qualidade. É um grupo que sabe o que quer e está bem orientado . Podem ter a certeza que vamos dar o nosso melhor para podermos estar no Mundial.

Estando a jogar fora, como vês a evolução do nosso Futebol?

Fico muito feliz por ver a evolução que está a ter o futebol no nosso país. Pela aposta da federação e clubes no futebol feminino. Vejo que as condições de treino estão a crescer de ano para ano e que o campeonato de ano para ano está cada vez melhor. Ainda longe do que são os campeonatos no estrangeiro, mas tenho a certeza que se mais clubes criarem equipas de Futebol Feminino , o nosso campeonato vai ter tudo para chegar ao nível de campeonatos no estrangeiro.

E o regresso aos nossos relvados? È carta fora do baralho?

No futebol nada está fora, já tive convites de clubes portugueses, mas penso que para já não está ainda nos meus horizontes, quem sabe num futuro próximo.

Um sentimento que te defina...

Sentimento não sei..mas tenho um grande espírito de luta e sacrifício que  passo para dentro de campo sempre que jogo.


Marta Faria,

Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora