Mafalda Marujo

Em que ponto da tua vida surge o Futebol?

O futebol na minha vida surge desde muito cedo, sempre gostei muito de jogar a bola, e com os meus 7 /8 anos já andava na rua com os rapazes a jogar. Mas não dei continuidade porque na altura ainda havia muito preconceito e apesar disso tinha outra grande paixão que era a ginástica acrobática. Então como a minha mãe não achava muita piada ao facto de jogar à bola, sempre me tentou desviar um bocado, e fez com que preferisse a ginástica em primeiro lugar, mas o bichinho não morreu, e tanto que não morreu que hoje jogo futebol em vez de fazer ginástica acrobática.

Como concilias a tua vida com o Futebol? Não será fácil,presumo...

Não, não é nada fácil infelizmente, mas como diz o ditado quem corre por gosto não cansa, e quando se gosta de alguma coisa arranja-se sempre tempo para fazer aquilo que mais gostamos. Tenho mil e uma coisas para fazer durante o dia, (trabalho, faculdade, treinos) no meio disto tenho que me organizar de maneira que consiga fazer tudo para estar disponível para o futebol, claro que às vezes surgem imprevistos e temos que escolher, mas tento sempre arranjar uma maneira de conciliar. Eu em especial adoro treinar, e portanto quem me tira o treino tira me tudo, apesar de levar o futebol muito a sério, o treino é o meu escape para descarregar as energias e frustrações do dia a dia, apesar de que às vezes ainda saio do treino com mais frustrações ! 

Qual o primeiro clube? Fala-nos um pouco desse percurso, até agora ao Estoril...

Comecei a jogar futebol no Clube Ponte de Frielas 2º divisão portuguesa ‐ 2010/2011,estive por lá um ano, até que por conhecimento de uma jogadora que jogava comigo me levou ao escolas de futebol feminino de Setúbal para fazer uns treinos no ano seguinte, acabei por ir com ela e por lá fiquei, estive lá 2 anos. 1º divisão portuguesa ‐2011/2012;2012/2013. Passados esses dois anos tive uma proposta do Clube Futebol Benfica, nem hesitei, aceitei e estive lá 1 ano, época 2013/2014. No ano seguinte tive a oportunidade de ir jogar para fora, experiência única que não imaginava nunca chegar a ter, mais uma vez aceitei e fui jogar para o ASD Torres Calcio Femminile, 1º divisão Italiana - 2014/2015. Entretanto voltei dessa experiência fantástica e volto a citar como diz o ditado, bom filho à casa torna, e voltei a representar o Clube Futebol Benfica 1º Divisão Portuguesa - 2016/2017 - 2015/2016, a seguir a experiencia que tive em Itália esses dois anos para mim no Fófó foram os mais marcantes, pelos títulos conquistados. O ano passado achei por bem mudar, e foi aí que fui jogar e representar o Estoril Praia, também é um clube histórico e com grande massa associativa.

Se surgir a oportunidade, voltas a ir para fora jogar?

Bem essa pergunta é fácil e difícil de responder, apesar de o ano passado antes de ir para o Estoril praia ter surgido uma proposta para ir jogar para fora, tive que ponderar bem, mas acabei por não aceitar. Bem não aceitei porque neste momento tenho trabalho em Portugal e infelizmente a proposta que surgiu não me dava grandes garantias, isto porque seria apenas de 1 ano e não podia estar a deixar o certo pelo incerto. Mas respondendo à pergunta, se surgir uma proposta que me dê mais garantias, sim sou capaz de voltar a ir jogar para fora.

Foste várias vezes a melhor marcadora do campeonato. Vencedora de vários troféus, inclusive o de Campeã Nacional...o que te falta conquistar?

O que me falta conquistar... tanta coisa, mas posso aqui falar de uma que talvez seja a mais marcante de todas, que é a Liga dos Campeões. É um troféu que qualquer jogadora de futebol adoraria vencer ou pelo menos ajudar a vencer. Mas tenho perfeita noção que não é impossível mas muito improvável.

Queres jogar até quando?

Ainda não pensei muito nisso, mas não tenho uma idade certa para deixar o futebol, quero continuar a jogar até me sentir bem, como já referi à pouco adoro treinar e jogar, portanto pretendo fazê-lo até que o meu corpo me permita, pode ser aos 35 /40 não sei. Só espero que seja o mais tarde possível para que possa desfrutar à vontade desta grande paixão.

Como vês o futebol feminino em Portugal daqui a 10 anos?

Vejo com muito bons olhos, o futebol feminino está a evoluir a grande  velocidade e espero que assim continue. Para isso também é preciso que Federação, Clubes, e Jogadoras remem todos para o mesmo lado. É preciso proporcionar melhores condições às jogadoras para que estas possam evoluir, as jogadoras precisam de continuar com a mesmo vontade de progredir. Acho também importante, que haja mais jogadoras federadas, e a meu ver se todos estes aspectos e mais alguns que aqui não estão referidos se complementarem, certamente que daqui a 10 anos o futebol feminino será uma modalidade com grande valor e muito mais respeitada.

Uma frase que incentive outras raparigas á prática do futebol...

Bem, não tenho assim uma frase que incentive à prática do futebol, porque de desporto uns gostam e outros não. O que posso dizer às raparigas que queiram jogar futebol é que joguem, desfrutem deste magnífico desporto, que é tão apaixonante , e não tenham medo das críticas ou dos preconceitos, porque isso já lá vai. O Futebol é para ser jogado por quem gosta de jogar, seja Homem ou Mulher.


Marta Faria,

Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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