Lúcia Alves, 21 anos, Valadares Gaia F. C. 


Quem é a Lúcia?

A Lúcia é uma pessoa que está disposta a tudo pelos seus sonhos, mas sempre com muita humildade e trabalho. Caracterizo-me como uma pessoa do bem, e quem me conhece sabe que estou disposta a tudo para ver as pessoas bem e felizes. Tento ser o mais verdadeira possível. Sou bastante teimosa e nunca dou nada por perdido. O facto de ser teimosa faz de mim uma pessoa com muita ambição. É difícil caracterizar-me a mim própria, porque nunca sabemos a forma como as pessoas nos vêem.


Conta-nos como surgiu o futebol na tua vida. Fala-nos do teu percurso até ao Valadares.

O meu pai foi jogador de futebol, e praticamente desde os meus dois anos que tenho uma bola nos pés. É uma paixão que não se descreve e mal surgiu a oportunidade de iniciar formação eu não pensei 2 vezes. Comecei por jogar com os rapazes, que foi, sem dúvida, a melhor maneira de aprender. Os anos começaram a passar e deixei de ter idade para jogar com os rapazes. Abandonei o futebol e fui para o futsal, onde estive 2 anos num clube que nem amador era. Surgiu a oportunidade de ir para o Santa Marta, clube esse que me ensinou bastante e me fez ter maior competitividade. Entretanto acabei por me lesionar e deixei o futsal. Mais tarde, passado 2 anos, o clube da minha terra (Paredes) criou uma equipa feminina. Recebi o convite e nem pensei. Tinha saudades de jogar. No final dessa época, recebi um convite para ingressar no SC Freamunde. Não tive uma época muito feliz individualmente. Parei 6 meses, mas quando voltei, voltei com tudo. No final dessa mesma época, recebi um convite para integrar a equipa do Valadares. Sem hesitar, aceitei logo. O Valadares é uma equipa que qualquer jogadora gostava de representar. É um grande do futebol feminino e tinha a certeza que me ia trazer coisas muito boas.


A tua família sempre te apoiou? Houve alguém que fosse mais céptico?

Sem dúvida que a minha família sempre me apoiou. Sempre me deu todas as condições para ter uma boa aprendizagem. os meus pais e o meu irmão são, sem dúvida, os meus maiores apoios, mas, não posso deixar de salientar que o meu pai me acompanha desde o início. Aliás, foi mesmo ele que me fez ter esta paixão pelo futebol. É raro o meu pai falhar um jogo e tento sempre agradecer-lhe da melhor forma possível. Faça chuva ou sol, eu sei que vou olhar para a bancada e ele vai estar lá. É o meu fã número 1 e levo os conselhos dele como ordens. Se um dia conseguir atingir os maiores palcos (que é o sonho de todas as jogadoras) eu nunca me irei esquecer de que tudo o que conquistei foi à custa dele. Porque sempre que estive em baixo, ele puxou-me para cima. Não posso deixar de referir que não há um único momento em que a minha mãe não diga que sou o orgulho dela. Sei que pode não estar presente nos jogos, mas a primeira coisa que recebo sempre que acaba um jogo é a chamada dela a perguntar como correu o jogo e quer perca ou ganhe o, ela irá sempre dizer que sou a melhor jogadora do mundo.


Para estares "focada" no futebol, do que tiveste de abdicar?

Não precisei de abdicar de nada. O futebol é o meu foco principal, mas não posso deixar de trabalhar. Quero conquistar muita coisa, mas um dia o futebol pode falhar porque não sou futebolista profissional, ainda que a mentalidade seja de profissional. Tenho de pensar no futuro, se isto mais tarde não der certo.


Como é o teu dia, em "dia de jogo"? Que rotinas tens?

Não crio rotinas nos dias de jogo, mas para mim é importante descansar bem e principalmente ouvir música. Gosto de sentir toda a energia que vem da música para depois desfrutar no campo. Não posso ir para um jogo sem ligar à minha mãe e ao meu pai. Sinto necessidade de ouvir um 'boa sorte, arrasa!' das pessoas mais importantes da minha vida.


Com apenas 21, o que pensas do nosso Futebol, do nosso Campeonato?

O futebol feminino tem vindo a crescer, principalmente no nosso campeonato. E isso é muito bom para a nossa competitividade. O facto de começar a existir cada vez mais equipas profissionais, dá-nos outra ambição como jogadoras. Tenho a certeza que daqui por 1/2 anos, o nosso campeonato irá ter o reconhecimento que merece.


Até onde queres chegar com o Futebol?

É óbvio que tenho o sonho de chegar a uma equipa profissional, como todas as jogadoras. mas as coisas acontecem com calma e quando surgir a minha oportunidade eu irei agarrá-la. Estou feliz no Valadares e o meu maior objectivo esta época é conseguir, com a equipa, atingir o melhor lugar possível na classificação. Devo muito ao Valadares também. Pelo trabalho árduo que temos e mesmo assim não desistimos. Pelas pessoas incríveis que conheci e pelo que me fizeram crescer, não só a nível futebolístico mas também a nível pessoal. Receberam-me muito bem desde o início e para mim é como uma segunda casa. Se um dia tiver a oportunidade de pisar outros palcos, nunca irei esquecer a equipa que me levou ao topo.



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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