João Filipe Soares, A.A. Coimbra


Penso que a criação de uma segunda divisão nacional no futsal feminino ia beneficiar toda a gente. Quem descesse da primeira divisão não dava um "tombo" tão grande ao retornar ao distrital, quem subisse à primeira divisão, ia estar muito melhor preparado pois teria a antecâmara da segunda divisão para evoluir, comparativamente, e assim chegar melhor preparado à primeira divisão. Quem subisse no distrital ia encontrar um espaço competitivo intermediário de preparação para patamares superiores. As vantagens também iam ser notadas nos campeonatos distritais, pois as equipas iam ficar mais niveladas, o que traria mais motivação para as jogadoras e ambição para os clubes. 

Quem tem o poder de decisão conhece a realidade do futsal feminino, toda a evolução que o fenómeno tem conhecido justifica amplamente a criação da segunda divisão mas nem sempre é suficiente porque interesses superiores se levantam. 


                                                                                                    João Pedro Soares

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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