Joana Rodrigues, 15 anos, Associação Desportiva Sanjoanense



Como surgiu a paixão pelo Hóquei?

O meu irmão pratica a modalidade desde os seis anos de idade, por isso, acho que nasci a ver hóquei, embora só me tenha apercebido do desporto fantástico que é com 7 anos.


A tua família sempre te apoiou nesta escolha?

Tenho a certeza que os meus pais preferiam que andasse na dança, por exemplo, uma vez que é a escolha de grande parte das raparigas, mas neste momento acho que nem eles mesmos me viam a praticar outra modalidade. Contudo, tal como em tantas outras escolhas que fiz, tive sempre o seu apoio. Aliás, tudo em que me tenho tornado, não só enquanto pessoa, mas também como atleta, deve-se a este apoio. Por parte do meu irmão também sempre tive um grande apoio, apesar de querer que fosse guarda-redes, como ele.


Fala-nos um pouco sobre o teu percurso na modalidade?

Comecei no Hóquei Académico de Cambra (clube onde o meu irmão se iniciou) com 7 anos de idade, tendo representado este emblema até ao final da época passada. Esta época visto a camisola da Associação Desportiva Sanjoanense que, para além de ser um clube diferente, também a constituição da equipa é diferente, uma vez que até aqui sempre fui a única rapariga na equipa e agora somos apenas raparigas.


Como te defines enquanto jogadora?

Como jogadora penso ser ambiciosa, dedicada, persistente nos meus objectivos, sincera e com atitude dentro de campo e com uma enorme vontade para aprender o tanto que os jogadores e jogadoras mais experientes têm para ensinar a jogadoras como eu. Tento, em cada jogo e em cada treino, dar o meu melhor à equipa, porque neste desporto não basta ser atleta, temos que ser jogadoras, saber trabalhar em equipa, todas com o mesmo objectivo.


Quem admiras no Hóquei? Quem é a tua maior referência?

Existem tantos jogadores e jogadoras fantásticas nesta modalidade que se torna difícil escolher especificamente alguém. Contudo, devem ser poucas, se é que existem, as jogadoras desta modalidade que não admiram uma das melhores jogadoras do mundo, se não a melhor, a Marlene Sousa. E claro, quando temos um guarda-redes na família com alguns títulos nas camadas de formação, não há como não admirar, uma vez que acompanhamos todos os esforços que foram feitos para que todas as conquistas fossem alcançadas.


Sonhos e objectivos. Quais os teus para um futuro próximo?

Tal como referi anteriormente, o meu percurso na modalidade ainda é recente, portanto a caminhada ainda é longa e, por isso, os sonhos e os objectivos são também eles bastantes. Penso que quanto mais alcançamos, mais objectivos temos e mais sonhamos também. Por esse motivo a cada dia que passa cada vez sonho mais em poder jogar com a camisola das quinas ao peito, de poder assumir a enorme responsabilidade que é representar, não só o Hóquei em Patins e o Hóquei em Patins Feminino, em especial, como também o nosso país. Sei que não é fácil, uma vez que estamos muito bem representadas, mas quanto maior o trabalho maior a probabilidade de alcançar um objectivo, de realizar um sonho!


Se tivesses esse poder, o que mudarias ou acrescentarias ao Hóquei Feminino em Portugal?

Se tivesse esse grande poder de acrescentar ou mudar algo no Hóquei Feminino em Portugal, talvez aumentasse o valor dado, não só, mas com particular importância, ao Hóquei Feminino, pois para muitos esta modalidade ainda é, infelizmente, desconhecida. Para além disso também aumentaria o número de atletas femininas, pois, como é sabido, quando comparado com o número de praticantes masculinos é reduzido.  


Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora