Hugo Luís, CADE
Que desafios e dificuldades poderão os clubes esperar com
este novo desafio?
Principalmente, devido ao amadorismo da modalidade e falta de investimento, a maior dificuldade será o número de treinos e deslocações. Aumentando o nível de exigência, teremos que preparar os jogos de uma outra forma, ter mais unidades de treino e num plantel onde jogadoras que trabalham por turnos e ainda estudam é difícil reunir as atletas para treinar com a regularidade necessária. O mesmo acontece com as deslocações que muitas vezes serão longas e irão muitas vezes coincidir com horários de trabalho. Muitas vezes nos aconteceu atletas saírem do trabalho, fazerem viagens de 30 minutos/1 hora para chegar a tempo ao jogo e muitas vezes, regressarem ainda para trabalhar, isto com jogos no distrito, agora com jogos a nível nacional, a dificuldade aumentará. Mas penso ser um preço justo a pagar pelo crescimento da modalidade.
Um patamar intermédio entre as competições distritais e a primeira divisão, poderá trazer mais competitividade e com isso criar clubes mais preparados para uma eventual subida ao principal escalão do futsal feminino nacional?
Sem dúvida e é uma
decisão que peca por tardia. Infelizmente, salvo raras exceções, as equipas que
sobem ao nacional, acabam por descer no ano seguinte. Não por falta de
qualidade, mas porque as equipas que já lá estavam têm a experiência e a
competitividade que o campeonato nacional lhes ofereceu. É uma realidade completamente
diferente, uma exigência e dedicação diferente.
Por isso, é importante criar uma divisão intermédia, onde as atletas,
treinadores e estruturas possam ser postos á prova e desta forma evoluir, para
que quando cheguem ao escalão máximo, possam aspirar a algo mais. Isto iria
passar a nivelar por cima a qualidade do futsal feminino.
Vejamos por exemplo o campeonato distrital em Santarém, onde em 6 jogos
terminámos com uma média de 12,5 golos marcados e 0.5 sofridos, por muita
qualidade que tenhamos, iriamos disputar uma taça nacional onde teríamos de
crescer com a competição, possivelmente não estaríamos ao nível necessário
porque o campeonato distrital não nos ofereceu a competitividade necessária.
Acho ainda que esta é a altura ideal para a criação da 2º divisão nacional, por forma a não penalizar quem investiu e aspirou algo mais esta época e de forma justa e direta reunir os campeões dos distritos para a prova.
E olhando também para os Campeonatos Distritais que também serão afetados com esta medida, quais serão os prós e os contras da construção duma segunda divisão?
Penso que iria ser
excelente para os campeonatos distritais! Tal como mencionei anteriormente a
realidade do nosso campeonato distrital foi desnivelado por demais. Isto acaba
por ser mau para quem ganha, mas principalmente para quem perde, que está a
iniciar um projeto e acaba por perder os jogos sempre com mais de 15 golos
sofridos, isso leva a que as jogadoras e treinadores desacreditem em si, que as
equipas tenham mais dificuldade em recrutar e consequentemente acabem, nos
últimos 3 anos em Santarém acabaram umas 5 equipas que passaram por esta
experiencia de perderem recorrentemente.
Penso também que é importante nos campeonatos distritais se começar a seguir o
exemplo desta época em Évora/Beja/Setúbal, fazer campeonatos inter-regionais.
Desta forma é possível fazer mais jogos, preparar melhor a subida ao nacional e
assim as equipas que estão a iniciar podem ter tanto jogos mais competitivos
como jogos ao seu alcance e desta forma, ao seu ritmo, ir evoluindo, e
consequentemente evoluir a modalidade.
Hugo Luís