Adriana Lage, 26 anos, SIR 1º Maio/Colégio João de Barros

      


Como nasceu esta apetência pelo Andebol? Foi a única modalidade que praticaste?

Sim, foi a única modalidade que pratiquei desde os meus 7 anos de idade. Comecei a jogar andebol porque as minhas colegas de turma me incentivaram, na altura íamos sempre juntas para o treino depois das aulas, começou aí a minha paixão pelo desporto e pelo andebol.


Então e porquê o Andebol?

Era a modalidade mais popular entre as raparigas, começamos todas a treinar e fomos crescendo sempre juntas na escola e no andebol. Gosto de desportos colectivos e do espírito de entreajuda que existe entre as atletas.


Como tem sido o teu percurso na modalidade? Fala-nos um pouco dele.

Fiz a minha formação como jogadora no clube JAC - Alcanena, um clube com enormes competências na formação de atletas de andebol feminino em Portugal. Participei sempre em todas as fases finais dos campeonatos mas infelizmente nunca ganhei nenhum título nacional. Com 15 anos fui chamada à Selecção regional de Santarém e posteriormente à Selecção Nacional de Júniores C , a partir daí fui sendo sempre chamada a Selecção Nacional referente à minha idade. Defendi as cores do clube da Terra até ao ano de 2015, ano em que joguei na equipa das Meirinhas do Colégio João de Barros, em 2016 iniciei um novo projecto no clube SIR 1º Maio da Marinha Grande, clube que represento até hoje. Em 2017 fui chamada pela primeira vez à Selecção nacional Séniores Femininos.


E conciliar vida pessoal e profissional com o Andebol...tem sido um "malabarismo"?

Para uma mulher conseguir praticar desporto de alta competição em Portugal é sempre um malabarismo, são cada vez mais as raparigas que chegam à idade adulta e abandonam por completo o desporto, visto que os apoios e os estatutos são cada vez menos no sector feminino. Eu posso gabar-me de sempre ter conseguido conciliar bem o desporto com a vida pessoal e profissional, neste momento sou Fisioterapeuta e trabalho quase 10h por dia, e no meu percurso académico nunca deixei de jogar andebol. É certo que para isso é preciso um grande espírito de sacrifício e um grande apoio familiar, que felizmente sempre tive.


Até onde pensas chegar na modalidade? Qual o teu maior objectivo?

Gostava muito de ser campeã nacional e de representar a selecção nacional numa competição importante.


Como atleta como achas que seria possível chamar mais pessoas à modalidade? Uma maneira de haver mais divulgação?

Para uma maior divulgação do andebol feminino seria interessante haver mais jogos transmitidos na televisão em canal aberto, assim como dar a conhecer a mais pessoas exemplos de atletas que conseguem conciliar o desporto de alta competição com a vida profissional e pessoal. O Benfica iniciou este ano um Projecto interessante com equipas de andebol feminino em vários escalões, o que é uma óptima promoção da modalidade, seria importante que mais clubes "grandes" seguissem este exemplo. O Desporto feminino e em especial o andebol feminino está em crescendo em Portugal e acredito que daqui a uns anos conseguiremos ter atletas profissionais no andebol a atuar em equipas portuguesas.



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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