Petra Niceia, CA Ouriense, 24 anos



Como é que surgiu na tua vida o Futebol?

Desde sempre me lembro de levar a bola para a escola, de jogar no intervalo, de pedir bolas de futebol como presente. No entanto, apenas jogava com os amigos, só me federei aos 15 anos, quando a minha prima Marta Niceia (que atualmente ainda joga no Vidreiros GD da Marinha Grande) insistiu para que integrasse a equipa onde ela jogava na altura, "Os Belenenses" na Marinha Grande.


O Futebol foi sempre a primeira opção?

Sim, sem dúvida! Sempre gostei de desporto no geral, experimentei várias modalidades, mas nenhuma me ofereceu tanto como o futebol. Esta é a minha paixão!


Do que é que já abdicaste pelo Futebol e o que é que o Futebol já te deu?

Abdicar é uma palavra muito forte, tratam-se de opções e daquilo que temos como prioridade no momento. No meu caso, acabei por atrasar a conclusão da licenciatura em Fisioterapia pois sempre quis competir no patamar mais alto do futebol feminino e isso fez com que representasse clubes fora da minha zona de residência e longe da escola onde ingressei. Quanto ao que o futebol já me deu... Bom, de momento só me surgem coisas boas, principalmente boas amizades, por todos os clubes onde passei levo boas amizades comigo. Em termos de títulos, dois campeonatos pelo Ouriense e uma taça de Portugal que ainda hoje consigo sentir as emoções daquele dia, embora sejam indescritíveis!


Como é a Petra quando entra em campo?

Cada jogo é um jogo, mas seja ele qual for ou contra quem for entro sempre com aquele nervoso miudinho, concentrada e focada, com a expectativa de fazer tudo bem para que a minha equipa leve sempre a melhor.


Como foste parar à baliza? Sempre foi essa a posição preferida?

Eu gostava de jogar à bola e como tal ser guarda-redes não estava nos meus planos. Fui parar à baliza num treino em que a equipa não tinha guarda-redes e eu voluntariei-me por brincadeira, gostei e safei-me. No jogo seguinte o treinador apostou em mim e eu aceitei, correu bem e a partir daí nunca mais deixei a baliza.


Ser guarda redes, é ser "especial" ? O que sentes quando estás na baliza?

Ser guarda-redes é um privilégio, muitos dizem que é ingrato e até é, por ser uma posição solitária, por ninguém festejar uma defesa como quando se festeja um golo... mas ser guarda-redes é ser a última esperança de uma equipa. Num momento podes ser o melhor, no momento a seguir podes ser o pior, ser guarda-redes é também saber lidar com isso, ter a capacidade de superação.


Passaste por vários clubes em Portugal. O que ambicionas no futuro?

Trabalho diariamente para concretizar os meus objectivos pessoais e a profissionalização no futebol é um deles.


Até hoje houve algum treinador/a ou jogador/a que te tenham marcado? Quem e porquê?

Um treinador que me marcou muito foi o Bruno Domingos, pela paixão que transmitia pelo futebol. Como referi numa resposta anterior, eu gostava de jogar à bola, com o mister Bruno eu aprendi a jogar futebol.


Como olhas para o teu percurso na presente temporada?

Como habitual traçamos metas individuais e colectivas, neste momento o meu percurso não é o desejado e ambicionado, no entanto o trabalho tanto individual como colectivo é no sentido de colmatar isso e chegar onde pretendo/pretendemos.


E a selecção, é sempre objectivo?

Sempre foi e enquanto puder jogar sempre será, como disse anteriormente trabalho diariamente para concretizar os meus objectivos pessoais, enquanto grande for o sonho, maior será o trabalho e melhores serão os resultados. Não há nada mais gratificante quanto representar o nosso país e poder estar entre as melhores.


Como olhas para o futuro do futebol feminino em Portugal?

Vejo como uma realidade bem próxima. O futebol feminino está em constante crescimento nos últimos anos, muitas equipas de formação e o número de atletas tem vindo a aumentar consideravelmente. É de enaltecer todo o trabalho que tem vindo a ser feito por quem constantemente luta e trabalha pelo futebol feminino em Portugal.



Marta Faria, Raparigas da Bola

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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