Bárbara O'Neill,15 anos, Estoril Praia



Como é que surgiu na tua vida o Futebol?

Eu sinto que o futebol não surgiu na minha vida, eu sinto que já nasci com a vontade de praticar este desporto, eram poucos os dias em que não estava presente uma bola. Para mim é impensável passar um dia sem pensar, praticar ou ver futebol, está fora de questão! 


O Futebol foi sempre a primeira opção?

Sim! Sempre! Já pratiquei vários desportos como natação, ténis e basquetebol, mas sempre que surgia alguma situação em que eu sabia que se fizesse traria consequências depois no futebol , eu simplesmente não fazia pois queria dar o meu máximo no futebol! 


Do que é que já abdicaste pelo Futebol e o que é que o Futebol já te deu?

Como disse anteriormente já pratiquei vários desportos, mas apenas levei para a frente 2, o futebol e o ténis. No ano em que fui aceite no Estoril Praia fui chamada para jogar ténis na secção da pré-competição do ténis. Mais tarde apercebi-me que apenas poderia levar para a frente um, logo como não havia dúvida alguma do que preferia abdiquei do ténis. O futebol já me deu diversas coisas, auto estima, amigas para a vida, um futuro e algo por que lutar.


Como é a Bárbara quando entra em campo?

Quando a Bárbara entra em campo ninguém lhe tira da cabeça que vamos ganhar! Quando entra em campo torna se outra pessoa, fica séria, concentrada e muito focada no que tem de fazer. É uma rapariga confiante e há quem diga que ela quando entra em campo se revela.


Como foste parar à baliza? Sempre foi essa a posição preferida?

Fui parar à baliza graças ao meu melhor amigo, que na altura era atacante num clube em Lisboa. Ele pedia-me todos os dias para ficar na baliza enquanto ele rematava à baliza pois ele precisava de treinar o remate. Graças a ele comecei a defender bastante e comecei a gostar! Com isto, começou a ser a minha posição preferida e comecei a ser bastante boa!  Isto foi mais ou menos quando tinha 8 anos.


Ser guarda redes, é ser "especial" ? O que sentes quando estás na baliza?

Sim, eu acho que um guarda redes é uma pessoa particularmente especial, um especial diferente, especial do tipo raro. Não é toda a gente que gosta de ser guarda redes, para o ser tem de se nascer já com o espírito. Um guarda redes precisa de ter uma grande cabeça e com isto quero dizer que precisa de saber lidar com grandes pressões, tem que saber lidar com o facto de tanto poder pôr a equipa no topo como na posição mais baixa de um campeonato. Um guarda redes decide o resultado do jogo, decide se a equipa ganha ou perde. Pessoalmente quando estou na baliza sinto me confiante , pois acredito na minha equipa e em mim, acredito que todo o esforço que temos nos treinos se vai reflectir no jogo, e que conseguimos ganhar. 


Até hoje houve algum treinador/a ou jogador/a que te tenham marcado? Quem e porquê?

Sim , sem dúvida! Um mister que eu adoro, e que é meu mister, chamado João Garcia. Porque me marcou? Bom marcou me de várias maneiras, e continua a marcar pois felizmente continua a ser meu treinador. Não só me marca a nível pessoal como profissional. Pessoal pela maneira de ser, de uma forma que não consigo explicar, apenas quem se dá com o mister percebe, e profissional porque também um bocadinho pela maneira de ser, pelo nível de organização, e profissionalismo e respeito, mas também a maneira de ensinar , vê se a paixão que este mister tem pelo seu trabalho e na minha opinião é uma coisa fantástica!
 

Como olhas para o teu percurso na presente temporada?

Ao ler esta pergunta lembro-me de vários acontecimentos. Lembro-me da primeira vez que entrei em campo para jogar o meu primeiro jogo pelo Estoril Praia, lembro-me do dia que me lesionei, lembro-me de todos os treinos que saí do Estoril a "cair para o lado", mas a coisa que mais me vêm a cabeça é o quanto evolui ao longo desta temporada! Sinto que evolui imenso! Vejo a diferença dos exercícios que fazia e que faço agora e é uma diferença incrível.


E a Selecção, é sempre objectivo?

Claro! Vou dar o meu melhor todas as próximas épocas para quando for a altura , ser convocada! 


Como olhas para o futuro do futebol feminino em Portugal?

Eu acho que o futebol feminino está a crescer imenso e penso que não irá tardar muito até que os salários das jogadoras aumentem e hajam maiores possibilidades de nos tornarmos jogadoras profissionais. 

© 2016 Raparigas da Bola, Portugal

DESIGUALDADE DE GÉNERO NO DESPORTO É EXPOSTANuma semana marcada pelo Dia da Mulher e pelas maiores conquistas portuguesas de sempre no europeu de atletismo, as notícias que se seguiram a estes dias evidenciam a diferença de importância dada à mulher no desporto.

Em geral, é preciso uma mulher ganhar uma medalha para que ela tenha destaque e mesmo quando isso acontece, a visibilidade não é das maiores, como foi visto esta semana.

Ser uma mulher no desporto não é fácil. A falta de visibilidade, a falta de patrocínios e a falta de interesse geram um ciclo que torna complicada a formação de atletas mulheres de ponta.

O grupo Raparigas da Bola luta para quebrar este ciclo, dando voz e visibilidade a atletas femininas, de diferentes modalidades desportivas.

Percebendo-se que no Dia da Mulher há uma tendência para falar sobre mulheres, mas que logo no dia a seguir tudo volta à triste normalidade, o grupo resolveu intervir, usando os próprios jornais desportivos como ponto de partida.

A iniciativa intitulada #ElasTambémJogam, consistiu em transformar todas as notícias publicadas nestes jornais, no dia 9 de março, num gráfico dividido em duas cores: uma para os homens e outra para as mulheres.

Esses gráficos transformaram-se em verdadeiros jornais, mas sem nenhuma foto ou texto, só as cores que evidenciam a diferença de atenção dada às mulheres. Os jornais foram entregues a jornalistas, inluenciadores e atletas para que estes amplificassem o alcance desta ação, ainda no dia 09.

O desejo do grupo não é confrontar os jornais, pelo contrário, é fazer deste um momento de reflexão para que todos se possam unir e dar mais visibilidade às mulheres no desporto, já que elas acreditam que a partir daqui é possível começar a mudar este ciclo de desigualdade. «Mais visibilidade gera mais interesse do público, que desperta interesses de marcas, que gera investimentos e consequentemente volta a gerar visibilidade.» relata Marta Faria, fundadora do Raparigas da Bola.

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